“Embora
actualmente os termos «jornalismo» e «imprensa» abranjam diversificadas formas
de comunicação social, o objecto do nosso estudo cingir-se-á às publicações
escritas tendencialmente com carácter periódico e noticioso”
José Tengarrinha
José Tengarrinha, doutorado
em História, conhecidíssimo professor catedrático jubilado da Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa, acaba de publicar uma magnífica obra, sob a
chancela da “Temas & Debates / Círculo de Leitores”, com título «NOVA
HISTÓRIA DA IMPRENSA PORTUGUESA: DAS ORIGENS A 1865» e 1003 páginas, cuja
apresentação pública ocorreu no dia 3 de Outubro, no Centro Nacional de Cultura. Segundo se pode ler em sinopse, “esta Nova História da Imprensa Portuguesa faz
a história das publicações periódicas, suas origens e desenvolvimentos, desde
os primeiros papéis informativos surgidos em Portugal no século XVI e traçando
a sua evolução no longo percurso de formação do jornalismo moderno no nosso
país que tem como marco fundamental a sua fase de industrialização. Este
fenómeno nacional é visto numa perspectiva comparada com os principais factos
que então marcaram a imprensa europeia, tanto para assinalar contrastes e
distanciamentos como para ter em conta as influências externas exercidas sobre
o jornalismo português”. É precisamente essa a percepção que temos da obra.
De uma forma peculiar e
com o rigor científico que o caracteriza (não publicasse ele obras em Portugal
e no estrangeiro no domínio da História e das Ciências Sociais), José
Tengarrinha acaba por nos retratar em quatro fases a supracitada evolução do
jornalismo, recorrendo numa primeira fase aos PRIMÓRDIOS: I. As origens das
folhas informativas, II. Os primeiros jornais, III. O «Novo» século XVIII, IV.
Nas invasões francesas, V. O jornalismo da primeira emigração, VI. A crise
(1811-1820), VII. A Censura às folhas informativas, VIII. Balanço da primeira
fase, IX. O dealbar da Imprensa no Brasil; numa segunda fase ao NASCIMENTO DA
IMPRENSA DE OPINIÃO: I. O primeiro período liberal (1820-1823), II. A
interrupção do Regime Constitucional, III. O segundo período liberal
(1826-1828), IV. Regime Miguelista e Guerra Civil (1828-1834); numa terceira
fase aos LIBERAIS CONTRA LIBERAIS: I. A abertura à contemporaneidade
(1834-1842), II. Do Cabralismo à Regeneração (1842-1851); e, por último, numa
quarta fase à REGENERAÇÃO PACIFICADORA (1851-1864): I. Convergências e
rupturas, II. Questões Centrais – economia e progresso, III. A desconcentração
da Imprensa, IV. Maior diversificação dos géneros, V. Breve Balanço. Acresce a
esta perspectiva comparada com os principais factos, seis APÊNDICES: I. A
História acidentada do antepassado do “Diário da República”, II. A primeira Lei
de Liberdade da Imprensa (Decreto de 4 de Julho de 1821), III. Lei de 22 de
Dezembro de 1834 que foi a principal base do enquadramento legal da Imprensa
Periódica no Liberalismo, IV. As perseguições sofridas “A Revolução de
Setembro” em 1844, V. A aventura histórica do “Espectro”, VI. A independência
política do escritor em relação ao jornal em que colabora. Esta magnífica obra
possui ainda, para além das “Fontes e Bibliografia”, um índice remissivo, onde
facilmente podemos localizar o que pretendemos, nomeadamente no que toca a
títulos e intervenientes activos.
Poderíamos ficar por
aqui se não tivéssemos constatado a referência bibliográfica, como uma das
fontes consultadas por José Tengarrinha, da obra de grande fôlego «PUBLICAÇÕES
PERIÓDICAS VIANENSES», editada em 2009 pela Câmara Municipal de Viana do
Castelo, integrada nas Comemorações dos
750 Anos do Foral Afonsino
atribuído a Viana, da autoria de Rui A. Faria Viana e António José Barroso.
Convenhamos em dizer que, em Dezembro desse mesmo ano, esta mesma obra mereceu
por parte de José Pacheco Pereira, no seu programa «Ponto Contra Ponto» (SIC),
os mais rasgados elogios, a ponto (desculpem-nos a redundância) de a referir
como exemplo a seguir por outros municípios do país: “Para que não se diga que
só há dinamite às peças, eu trago aqui uma caixa de dinamite, mais de cento e
cinquenta anos de dinamite cerebral, num estudo muito interessante sobre a
imprensa local…” – citamos. Agora, nesta magnífica obra de José Tengarrinha,
podemos ler numa das notas (p. 806), a propósito da história do jornal mais
antigo de Portugal Continental, “A Aurora do Lima”: «PARA A EXTENSA HISTÓRIA DESTE
JORNAL VER O EXCELENTE TRABALHO DE RUI A. FARIA VIANA E ANTÓNIO JOSÉ BARROSO
"PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS VIANENSES" (VIANA DO CASTELO, CÂMARA
MUNICIPAL, 2009)». Mais palavras, para quê? Pena é que alguns procurem
menosprezar aquilo que de grande valor – e rigor científico – se faz em Viana
do Castelo!
Para terminarmos, aqui
fica uma retrospectiva, em termos de “Índice Remissivo”, da imprensa da região,
citada na obra de José Tengarrinha: A
Aurora do Lima (Viana do Castelo, 1855), 742, 795, 798, 881; A Razão (Valença do Minho, 1854-1861),
794, 798.
Uma obra com nota máxima, esperando-se a sua continuidade até aos tempos
de hoje. Seria a “cereja no topo do bolo”!
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