Saturday, July 23, 2016

Isabel Baraona expõe em Viana do Castelo!...

«As linhas, os nós, os fios, de Isabel Baraona que reflectem a fugacidade do movimento e do momento e acentuam a fixidez daquele movimento e daquele momento…»

Maria José Guerreiro

Isabel Baraona, nascida em Cascais em 1974, é licenciada em Pintura pela ENSAV-La Cambre (Bruxelas) e doutorada em Belas Artes pela Universidade Politécnica de Valência, Espanha, com uma tese sobre a diferenciação entre auto-retrato e auto-representação no século XX. Em 2013, no âmbito de um pós-doutoramento, foi bolseira da Universidade Rennes 2 (França) onde desenvolveu uma investigação que deu origem ao projecto Tipo.pt, um arquivo online sobre livros de artista e edição de autor em Portugal; sendo ainda co-editora de Portuguese Small Press Yearbook uma edição anual sobre o assunto. Nesse mesmo ano fez uma residência na Columbia College em Chicago, ao abrigo de uma colaboração informal e intermitente com o JAB – Journal of Artists’ Books desde 2011.
Em 2001 iniciou o seu percurso profissional com uma exposição individual intitulada mythologies tendo participado em diversas exposições individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro.


É, desde 2011, uma das organizadoras de “o que um livro pode”, encontros anuais à volta dos livros de artista e edição de autor.
Rui A. Faria Viana, Chefe de Divisão da Biblioteca e do Arquivo Municipais de Viana do Castelo, responsável pelo projecto que há três anos tem evidenciado pela sua coerência e, também, pela sua consistência, tratando-se já da sétima edição, e se reflecte não só na estrutura das exposições como também nos próprios catálogos, começou por salientar o facto deste mesmo projecto se ter iniciado na Biblioteca Municipal, na Ala Jorge Amado, em Maio de 2013, com a exposição “diários de sombras” de Tiago Manuel (director artístico do mesmo projecto), seguindo-se em Janeiro de 2014 com a exposição “domador de imagens” de João Fazenda, em Julho do mesmo ano, com “desenhos atrás do espelho” de André Carrilho, em Janeiro de 2015 com “história natural com parafusos” de Luís Manuel Gaspar, em Julho com Cristina Valadas e a mostra designada “vida desenhada à mão”, em homenagem a Luísa Dacosta, em Janeiro deste ano com João Vaz de Carvalho e a exposição “ver com o desejo”, inaugurando-se no pretérito sábado, 16 de Julho, a exposição “a mão que desenha escreve a palavra” de Isabel Baraona, que se prolongará até ao dia 31 de Dezembro do corrente ano.


Tal como afirmou Tiago Manuel, exposições desta natureza revestem-se de um trabalho preciso para os professores e alunos, uma forma de aproximar os artistas das pessoas, estabelecendo o contraditório de quando se fala de Arte pensar-se logo nos museus, e olhar para os artistas como pessoas distantes, quando eles estão verdadeiramente ligados ao quotidiano. Referiu ainda que em Isabel Baraona há uma cartografia do corpo como liberdade, aspectos conceptuais que definem o artista. Em Isabel Baraona cada desenho é assertivo, tendo em conta que há gente dentro de cada desenho. Nela é uma indisciplina, uma violência e uma provocação.
Pedro Moura, a quem Isabel Baraona se referiu com carinho e profunda afectividade, considera-a uma artista egoísta, qual tom provocatório para desempoeirar o “direitinho dos alinhados”: «O egoísmo a que nos referimos não é o de Isabel Baraona, a pessoa, que apenas diz respeito a quem com ela conviverá, começando pela própria. É a da obra, e o seu nome enquanto metonímia dela. E esta exposição estende, pela sua diversidade circunstancial, um traço concreto dessa presença a que chamo “egoísta”, pois como a palavra quer na sua origem etimológica mostra-se uma perspectiva que parte de uma visão particular, ancorada num prazer pessoal…» – citamos e corroboramos na sua plenitude.
De facto, e seguindo o raciocínio lógico de Pedro Moura, também nós descobrimos que, nesse egoísmo de prática, o resultado é o convite de uma partilha. Não apenas dos desenhos, mas desses mesmos actos de travessia. E que no dizer de Maria José Guerreiro, “o gesto que se acentua, a linha que se aflora ou o risco que se sulca. E todo o nosso corpo se projecta nesse fio imaginário”. A obediência de Isabel Baraona ao comportamento próprio dos materiais que emprega... Uma exposição e uma artista que se recomendam.
A realçar ainda a presença afectiva, na inauguração da exposição «a mão que desenha escreve a palavra (obra gráfica editada em livros, jornais e revistas)», do escritor e seu particular amigo Valter Hugo Mãe.
       NOTA MÁXIMA!

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