Thursday, February 02, 2006

«Faróis», «Diários Remendados» e os presentes sacrifícios!...

“Mesmo que tenhas dez mil plantações, só podes comer uma tigela de arroz por dia; ainda que a tua habitação tenha mil quartos, nem de dois metros quadrados precisas para passar a noite”.

Provérbio Chinês

Confessamos a nossa presente apatia por certas causas “nobres” da política (?). E se por razão do tempo, nascemos em tempo desconexo ao velho provérbio chinês, onde uns tantos usufruem, na sua totalidade, das plantações e das tigelas, só mesmo os brados de quem connosco partilha das plantações e das tigelas nos podem aliviar de ditas disfunções apáticas, ocasionalmente trazidas a tempo e a modos de pessoalizáveis “odiosidades”. Hoje, imprimimos o nosso sentir da cósmica leitura do livro do nosso grande amigo Luís Darocha, com o nome literário de Páris Couto (apelidos tomados de seus ascendentes), «O farol das estrelas cadentes», editado pela «Afrontamento», em Novembro de 2004. É por necessidade sensitiva que, tal como Páris Couto, numa dessas noites raras, feita de euforias várias, quando o céu está mais nítido e mais próximo – sejam elas invernais ou estivais, primaveris ou outonais –, tudo o que por lá anda, nos parece ao alcance das nossas mãos. Mas, circunstancialmente, tudo é feito de enganos!

No preciso momento em que acabáramos de ler «O farol das estrelas cadetes» de Páris Couto, recebemos a bem difundida notícia de que Pedro Santana Lopes – que, tal como nós, tem 49 primaveras –, se havia “reformado” com a módica quantia de 3.170 euros (635.534$28, pelo dinheiro da nossa identidade), em tempos de contenção, sacrifícios e afins. Nada nos move contra Santa Lopes, e se o citamos aqui, apenas, e tão só o fazemos porque – sendo figura mediática – serviu de bode expiatório a centenas e centenas de casos semelhantes por esse país fora (abrangendo todos os partidos políticos), até mesmo em espaços físicos bem perto de nós... Tudo isto quando o Sr. Primeiro-Ministro nos diz que temos de trabalhar até ao 65 anos de idade, perfazendo cerca de 48 anos de trabalho, sem duplos ou triplicados benesses... Valeu-nos a leitura e o sonho de Páris Couto para descomprimir: Ouviu-se então uma espécie de lamento, por meio do concerto de ralos, corujas, rãs, mochos e muitos outros bichos que de noite dão asas às suas qualidades. Há muito boa gente que tem medo dessas sonâncias nocturnas, mas eles, por estarem com [...], não mostraram receio.
O bom amigo Luís Darocha, nascido em 1945 e a viver (e a trabalhar) em Paris desde 1969, filho de Alberto Couto e neto de João da Rocha (O Frei), esteve cá por altura da Expo-Feira do Livro de Viana do Castelo e expôs na Galeria Barca d’Artes e nos Antigos Paços do Concelho, quadros e desenhos de formas e épocas diferentes, os quais tinham como ponto comum elementos ligados à leitura: É na plena implicação na Arte que nos libertamos de todo instinto de conservação da espécie e nos envolvemos o momento contemporâneo. Aqui e agora. Então pode acontecer que o tempo se torne livre, elástico, indefinido, para não dizer infinito – citamos Luís Darocha. E deixou-nos um “Farol”, visionário das “Estrelas Cadentes”, inspirado no mar de Carreço, de Viana e do Mundo. Faróis como este não constam dos livros, porque visível em noites habitadas pela luz intensa da Via Láctea. Enquanto isso, os sonhadores continuam a pagar a crise, com sacrifícios!

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