Saturday, August 17, 2013

Publicado estudo sobre o espólio de Edmundo Curvelo!

“O ensino de Curvelo despertou num número significativo de estudantes o interesse pelos métodos de raciocínio típicos daquela disciplina, bem como pela sua aplicação aos problemas perenes da Filosofia, e a sua morte prematura representou sem dúvida uma grande perda para o pensamento lógico nacional”

João Branquinho

Sob a responsabilidade de MANUEL CURADO (Professor da Universidade do Minho, Auditor de Defesa Nacional, Doutoramento cum laude pela Universidade de Salamanca, Mestrado pela Universidade Nova de Lisboa, Licenciatura pela Universidade Católica Portuguesa, de Lisboa; Titular do Curso de Alta Direcção para a Administração Pública; Perito da Comissão Europeia em Ética; e é o director da revista Jornal de Ciências Cognitivas) e de JOSÉ ANTÓNIO ALVES (Licenciado em Filosofia e Mestre em Ciências Cognitivas pela Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa; co-organizador do livro “Escola de Braga. A Correspondência com Delfim Santos”; autor do livro “Limites da Consciência. O factor temporal da mente e a ilusão de liberdade”; desde Outubro de 2010 é doutorando em Filosofia da Mente, no Centro de Estudos Humanísticos do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho, com um projecto sobre a obra de Edmundo Curvelo; é Bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia do Ministério da Educação e Ciência; Bolsa com o financiamento comparticipado pelo Fundo Social Europeu e por Fundos Nacionais do MEC), e a chancela da “Imprensa da Universidade de Coimbra” (Série Documentos), acaba de ser publicado um extraordinário livro científico, «UM GÉNIO PORTUGUÊS: EDMUNDO CURVELO (1913-1954)», que nos oferece o primeiro estudo sobre o espólio de Edmundo Curvelo, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e um dos introdutores dos laboratórios psicotécnicos e psicológicos em Portugal. São assim publicados pela primeira vez manuscritos filosóficos de Curvelo, bem como a sua correspondência com grandes nomes da Cultura e da Filosofia do século XX (W. V. Quine, Alonzo Church, Stephen Kiss, Joaquim Carvalho e Delfim Santos). O livro apresenta igualmente um estudo de enquadramento da obra de Curvelo e da ciência portuguesa do século XX.


Edmundo Curvelo, de seu nome completo Edmundo de Carvalho Curvelo, nasceu em Arronches, distrito de Portalegre, a 18 de Outubro de 1913 e faleceu em Lisboa a 13 de Janeiro de 1954. Segundo Manuel Curado e José António Alves, responsáveis por esta magnífica obra, o Professor Edmundo Curvelo viveu a maior parte da sua vida em Lisboa, mas também se deslocava muito a Abrantes, cidade adoptada pela família e onde se refugiava para descansar. Em Lisboa estudou e trabalhou, como professor liceal e universitário, e desempenhou funções de técnico do Instituto de Orientação Profissional (IOP) da Universidade de Lisboa. “A sua curta vida de quarenta anos foi suficiente para deixar às gerações vindouras uma obra digna de ponderação e reflexão. O reconhecimento da originalidade e do grande valor desta obra aconteceu desde o tempo da vida de Curvelo, talvez mais da parte de especialistas estrangeiros do que da parte do público português. Os especialistas portugueses nunca deixaram de valorizar a obra de Curvelo, desde os tempos do Professor Vieira de Almeida até aos investigadores mais recentes. Este interesse constante ao longo de décadas é plenamente justificado porque o pensamento de Curvelo contribuiu para grandes avanços na filosofia e em muitas outras disciplinas, onde se destacam a lógica, a matemática e, principalmente, a psicologia. / Sendo arriscado resumir apressadamente uma obra que não se chegou a desenvolver quanto podia devido a uma morte precoce e trágica, é possível afirmar que o objectivo do pensamento filosófico de Curvelo era o de atribuir à psicologia o estatuto nobre de uma ciência com a dignidade das outras” – citamos do capítulo “I. O enigma de um filósofo rigoroso”.
Sem procurarmo-nos enredar numa análise crítica (para a qual não estamos devidamente avalisados), face à sofisticação de conteúdos científicos da obra ora apreciada, gentilmente oferecida pelos seus autores, apenas nos é dado registar que a mesma tem 406 páginas e está estruturada com sete capítulos e trinta e cinco subcapítulos: I. INTRODUÇÃO (I. O enigma de um filósofo rigoroso; II. O legado; III. Os manuscritos filosóficos; IV. Edição dos manuscritos), II. MANUSCRITOS FILOSÓFICOS (I. Amanhecer; II. A Restauração de 1640; III. A origem e o fundamento da Obrigação Moral / Imanência e transcendência do dever; IV. Máquinas e homens; V. Literatura Infantil; VI. A evolução e o indivíduo; VII. Da teoria e da prática da psicotécnica; VIII. Vamos conquistar a nossa profissão?; IX. As leis científicas e os conhecimentos científicos; X. Em presença dos factos naturais; XI. As duas portas; XII. Lições de Lógica; XIII. Anotações), III. TRADUÇÕES (XIV. A existência de objectos materiais [A.H. Basson]; XV. A existência de objectos materiais [Hao Wang]), IV. POESIA FILOSÓFICA (XVI. Caminho dos homens; XVII. Poemas dispersos), V. CORRESPONDÊNCIA (XVIII. Correspondência de Edmundo Curvelo para Noémia Cruz; XIX. Correspondência entre Edmundo Curvelo e Joaquim de Carvalho; XX. Correspondência entre Edmundo Curvelo e Delfim Santos; XXI. Correspondência com autores estrangeiros; XXII. Correspondência para Joaquim de Carvalho com referências a Edmundo Curvelo), VI. IMPRENSA (XXIII. Entrevista de Quirino Teixeira a Edmundo Curvelo; XXIV. Peço a palavra Edmundo Curvelo; XXV. Um morto ilustre; XXVI. Professor Doutor Edmundo Curvelo; XXVII. Professor Doutor Edmundo Curvelo; XXVIII. Professor Doutor Edmundo Curvelo), VII. BIBLIOGRAFIA E ESPÓLIO (XXIX. Obras publicadas em vida; XXX. Espólio e Biblioteca Pessoal; XXXI. Estudos), terminando com os agradecimentos.
Aqui fica a sugestão de leitura de mais um livro, onde faz perpassar a certeza de que o trabalho intelectual de Edmundo Curvelo parte do conhecimento da reflexão multissecular da filosofia sobre a mente humana e sobre o comportamento humano e procura “logificar” essa área de estudos, fazendo da psicologia uma ciência rigorosa e não apenas uma colecção de discursos interessantes e impressionistas: “Uma estrutura é um sistema lógico em que os símbolos são inteiramente abstractos, conforme o significado que introduzimos nesses símbolos, assim ele pertence a um ou outro sistema determinado” (Curvelo, Aula Prática XV).
       Nota máxima para este extraordinário trabalho científico, que nos proporcionam Manuel Curado e José António Alves, ilustres académicos ligados às Ciências Cognitivas!

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