O que mais me impressiona na
personalidade de Porfírio Silva, como cidadão e tal como a sua escrita o
reflecte, é a capacidade de conjugar a paixão com a objectividade.
Profundamente empenhado no mundo em que
opera, a sua obra traduz, simultaneamente, o fito de mergulhar na vida e de dar
testemunho comprometido, mas imparcial, dos tempos que correm.
Afrontando corajosamente contextos
adversos, subjazem nas suas mensagens, não só a ânsia, amplamente conseguida,
de se transcender a si próprio, como um largo sentimento de fraternidade, que o
une ao seu semelhante no ânimo comum de participar na consumação de um melhor
destino colectivo.
Se fosse de aceitar que todo o
pensamento que não age é aborto ou traição, como dizia Romain Rolland, numa
perspectiva de socialização da arte, que se gorou, Porfírio Silva escaparia
sempre à condenação daquele juízo, já que a sua obra se vem afirmando, para
além do intimismo que denuncia, como expressão acabada de uma autêntica
solidariedade humana.
( Opinião do Dr. Alberto Oliveira Silva [1924-2011], em 2001, quando, na altura, era Governador Civil de Viana do Castelo)
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