Em face de muitos dos leitores do nosso
blogue sugerirem um pouco da história da moeda em Angola, nomeadamente ao tempo
da ida de nosso pai para Luanda (1956), Angolar, e da nossa chegada à
pequena povoação do Quibocolo (1960), Escudo, foi que resolvemos partilhar
as imagens desses dois marcos da nossa vida de africanidade.
Antes de falarmos da moeda angolar, teremos em dizer que o angolar (também conhecido como ngolá) é uma língua nacional de São Tomé e Príncipe, falada na ponta sul da ilha de São Tomé, principalmente em torno da vila de São João dos Angolares, distrito de Caué. Sendo uma língua crioula de base portuguesa, o angolar difere grandemente dos crioulos da Guiné-Bissau, Senegal, Gâmbia e Cabo Verde. O substrato do angolar assenta principalmente nas línguas kwa, faladas na Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim e Nigéria. Partilha 70% de semelhança lexical com o são-tomense (ou forro), 67% com o principense (ou lunguyè) e 53% com o anobonense (ou fa d'ambu) da vizinha ilha de Ano Bom (Guiné Equatorial). Os 30% de léxico em que o angolar difere do são-tomense vão buscar as suas origens ao quimbundo e ao quicongo de Angola. Assim, e reforçando esta tese originária, os angolares são um grupo étnico distinto que tem a sua origem atribuída ao naufrágio, ao sul da ilha de São Tomé, de um navio negreiro com escravos trazidos de Angola em meados do século XVI. Muitos angolares actualmente falam também são-tomense e/ou português e há uma tendência para se integrarem nos forros – que significa homens livres – que constituem o principal grupo étnico de São Tomé e Príncipe.
A circulação monetária em Angola originária de Portugal é conhecida desde o reinado de D. Pedro II que decretou o envio para esta colónia e para o Brasil de moeda de cobre. Estando afastada da metrópole decidiu-se atribuir ao Banco Nacional Ultramarino (BNU) a exclusividade de produção de notas em 1901, privilégio concedido por contrato inicialmente até 1911.
Antes de falarmos da moeda angolar, teremos em dizer que o angolar (também conhecido como ngolá) é uma língua nacional de São Tomé e Príncipe, falada na ponta sul da ilha de São Tomé, principalmente em torno da vila de São João dos Angolares, distrito de Caué. Sendo uma língua crioula de base portuguesa, o angolar difere grandemente dos crioulos da Guiné-Bissau, Senegal, Gâmbia e Cabo Verde. O substrato do angolar assenta principalmente nas línguas kwa, faladas na Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim e Nigéria. Partilha 70% de semelhança lexical com o são-tomense (ou forro), 67% com o principense (ou lunguyè) e 53% com o anobonense (ou fa d'ambu) da vizinha ilha de Ano Bom (Guiné Equatorial). Os 30% de léxico em que o angolar difere do são-tomense vão buscar as suas origens ao quimbundo e ao quicongo de Angola. Assim, e reforçando esta tese originária, os angolares são um grupo étnico distinto que tem a sua origem atribuída ao naufrágio, ao sul da ilha de São Tomé, de um navio negreiro com escravos trazidos de Angola em meados do século XVI. Muitos angolares actualmente falam também são-tomense e/ou português e há uma tendência para se integrarem nos forros – que significa homens livres – que constituem o principal grupo étnico de São Tomé e Príncipe.
A circulação monetária em Angola originária de Portugal é conhecida desde o reinado de D. Pedro II que decretou o envio para esta colónia e para o Brasil de moeda de cobre. Estando afastada da metrópole decidiu-se atribuir ao Banco Nacional Ultramarino (BNU) a exclusividade de produção de notas em 1901, privilégio concedido por contrato inicialmente até 1911.
Dada a crónica falta de moeda circulante
agravada pela má qualidade das primeiras emissões do século XX, o BNU fez a
emissão Vasco da Gama em 1910. Esta emissão entrou efectivamente em circulação
após prescrição da anterior emissão em 31-12-1910. Assim, efectivamente as primeiras
notas emitidas em Angola durante a república foram em Réis. Estas apresentavam
os seguintes valores: 1$000, 2$500, 5$000, 10$000, 20$000 e 50$000. Estas notas
foram todas produzidas na gravadora londrina Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd.
Em 1911 com o Decreto de 22 de Maio
morre o Real e nasce o Escudo. Em Outubro de 1911 determinou-se que a nova
unidade monetária seria extensiva às Províncias Ultramarinas. Mas apenas em
1913 se ordenou a execução de tal determinação pelo Decreto n.º 141 de
18-09-1913. Na prática as contas em Angola assumiram a nova unidade monetária
em 1 de Janeiro de 1914. Entretanto mantinham-se em circulação as emissões do
tempo do Real (moedas e notas). Em finais de 1913 haveria cerca de 1440 contos
em notas, sendo que o metal era praticamente ausente.
Em 1913 a crise angolana acentuou-se
derivada à desvalorização da borracha no mercado internacional. Para complicar
a Metrópole não vivia momentos melhores e as dificuldades em cunhar e produzir
dinheiro eram gritantes. Por esta altura a falta de numerário circulante era
tão grave que em discurso Norton de Matos refere que muito do comércio da
província era feito por troca directa. Lançava o recto (1914) para que em
Angola se constitui-se uma entidade emissora própria para obviar essa limitação
ao crescimento. Para tentar aliviar esta crónica falta de numerário e os custos
de emissão e transporte de moeda de prata para as províncias, foi dada
autorização ao BNU de proceder à introdução em circulação de cédulas (Decreto
1001 de 2-11-1914). De acordo com este decreto a emissão seria feita com o
desdobramento de notas do BNU de tipo superior existentes (série Vasco da Gama),
as quais seriam retiradas da circulação e depositadas na Caixa Geral de
Depósitos. Depois das cédulas, em 1921 a crise monetária e financeira era ainda
mais grave e a incapacidade do Governo da Metrópole (a lutar com crise
idêntica) de resposta era gritante. Neste contexto o Governo Provincial
presidido por Norton de Matos verificou que a melhor solução passaria por tomar
a responsabilidade da emissão monetária local. De acordo com o Decreto
Provincial n.º 13 de 7 de Maio de 1921, essa emissão teria de ser não só em
papel como em moeda metálica. No princípio do segundo semestre de 1922 foi
lançada para circulação a emissão Chamiço do BNU para substituição da já
desgastada e insuficiente emissão “Vasco da Gama”. Esta emissão recebeu este
nome por prestar homenagem à figura de Francisco Oliveira Chamiço cuja efígie figurava
em todas as notas.
A crise financeira constante em que
estava mergulhada a colónia de Angola veio a ser agravada pelo escândalo do
Banco Angola e Metrópole. O ano de 1926 foi marcante por ter sido atingido o
pior momento dessa crise. Para tentar resolver semelhante situação económica foi
realizada nova reforma com a criação da Junta da Moeda e a constituição do
Banco de Angola que recebeu a estrutura do BNU presente em Angola. Nesta fase
era autorizada e reformado o sistema de moedas e dado à Junta da Moeda o poder
de preparar a introdução desse novo sistema monetário. A unidade criada foi o
Angolar, mas o padrão monetário mantinha-se o Escudo Ouro (1 Angolar = 1 Escudo
Português). No entanto, o facto de o valor da inflação em Angola ter sido
superior ao da Metrópole provocou que o escudo em curso em Angola fosse
equivalente a 0,8 do escudo da metrópole. Como tal, a taxa de câmbio do escudo
nacional era de 0,8 Angolares, facto que permitiu ajustar a dívida da província
mas provocou graves problemas sociais na província.
Assim, e para não nos tornarmos
demasiado minuciosos, diremos que o Angolar
era a moeda que circulava em Angola quando para aí foi o nosso pai Manuel
António da Silva Rebolo (1933-2010), em 1956. O Angolar foi assim a moeda oficial de Angola entre Setembro de 1926
e Dezembro de 1958. Substituiu o Escudo
Angolano e foi por sua vez substituído por um novo Escudo. O Angolar foi
emitido até Janeiro de 1929 por uma Junta de Moeda e partir dessa data pelo
Banco de Angola. Esta nota que guardamos religiosamente, porque herdada de nosso
pai, foi emitida em 6 de Outubro de 1948 (D 851366), por altura das
comemorações do Tricentenário da Restauração de Angola (1648-1948).
FONTES: Wikipédia (A encyclopedia livre); ARBOR, Ann (1998) – The
Angolar Creole Portuguese of São Tomé (West Africa): its gramar and
sociolinguistic history, Graduate Center, University of New York; e COUTOS, Nuno – Apontamentos: Escudo. (www.numismatas.com/Forum/Pdf/.../Apontamentos_Escudo_Vol_4.pdf.)
1 comment:
Foi com gosto que li o seu texto. Sendo mais velho que o Senhor (1949), fui para Angola com 8 anos, como colono, na CNN, a dormir em beliches no porão. Procurei material em que o seu se integra porque falei do assunto a meu neto, de 12 anos, que está no Canadá. E, disse-lhe, aqui, na Metropole, havia os cruzados, os de X e XX centavos, mas em Angola havia também umas moedas pequeninas, equivalentes, e que tinham o X, o XX, o XXX e...curiosamente, o XXXX centavos. Mas, recordo-me, chamavam-lhe patacas, como a moeda de Macau. Eram moedas quase brancas, muito, muito leves . nem deviam valer o metal de que se compunham - e deixei de as ver pouco depois. Adorava, sim, era as notas: Lindas, as de 50, 100 e 500 Angolares, com côres fabulosas. Só as via de raspão, é claro. E, como também sou coleccionador de selos, iniciado em Luanda com 14 anos com um selo de 4 Angolares, adoro também as colecções temáticas dos actuais PALOPS na época pré-independência. Tanta coisa que me ficou...Obrigado e boa saúde.
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