Monday, September 29, 2014

International Symposium MEDICINE IN NAZI GERMANY



Decorre de 22 a 24 de Outubro de 2014, um Simpósio Internacional, dirigido a professores, historiadores, médicos, pedagogos e investigadores, subordinado ao tema «Medicina na Alemanha Nazi: perspectivas históricas e reflexões éticas», em Berlim, Orienburg e Brandenburg-Havel.


Neste simpósio prevê-se a participação de conferencistas de França, Alemanha, Israel, Estados Unidos, Polónia, Reino Unido e Espanha.
As apresentações e workshops realizar-se-ão em locais emblemáticos relacionados com a medicina ao tempo do nazismo, como House Conference Wannce, no Campo de Concentração de Sachsenhausen e Centro de Extermínio de Brandenburg.
Para mais informações, consultar programa em:

Thursday, September 18, 2014

«Voando nas asas de um pombo verde» com Helena Osório!...

“A escrita da Helena Osório é uma tela de cores tão variadas e coloridas, de um calor abrasador, de manhãs e entardeceres dolentes, de noites de sonhos e desejos”.

Fernando Sá Monteiro
(Historiógrafo, Investigador e Publicista)

Não encontramos melhor forma de iniciarmos esta nossa crónica, do que nos sentirmos expectadores à mesma varanda e à chuva “que, em Novembro é de gelo, miro ao longe o castelo e igreja meio árabe meio faroleira. Não muito longe do mar”, desfrutável visão com que Helena Osório inicia o seu romance «Voando nas asas de um pombo verde», o Kuti Kuria dos tempos de Angola. De facto, não há melhor maneira poética de iniciar um romance, com chuva e pombos nos beirais, misturando sonhos com sono, num apego ao rio grande e ao mar, despertando fantasmas de “vidas entrelaçadas, em que vou trocando os tempos, num presente passado, desmistificado no final”. Tudo isto no silêncio de uma noite húmida, fazendo renascer algo do qual se pretende desligar. Mas, porque “na escrita tudo vem da alma”, Helena Osório recorre à intemporalidade como forma de viajar por Angola e Portugal (1917-2013): «Mais do que a narração entre o real e o imaginado Voando nas asas de um pombo verde, chama a atenção para o paradoxo das vivências num país e no outro. Exalta o período que medeia as duas grandes guerras e a revolução de Abril de 1974, sensibilizando para aqueles que são devolvidos das antigas colónias à metrópole» – podemos ler em sinopse ao livro de uma exilada, que, tal como “milhares de vítimas com vidas destruídas que se levantam (ou não)”, experimentou na pele o flagelo de um passado destruído.


Helena Osório (Benguela, Angola 1967) jornalista desde 1989, licenciada em Estudos Europeus (Universidade Moderna de Lisboa), pós-graduada e mestre em Artes Decorativas (Universidade Católica Portuguesa), doutoranda em Estudos da História da Arte e da Música (Universidade de Santiago de Compostela), com oito livros publicados na área da literatura infanto-juvenil, faz-nos voar agora através das asas de um pombo verde (Kuti Kuria) e nos ensina a aprender que na vida “tão depressa se é, como se deixa de ser”.
Com ilustração de Isabel Mourão (Oeiras, Portugal), licenciada em Economia pela Universidade Católica Portuguesa, pós-graduada em Marketing Internacional pelo ISCTE, «Voando nas asas de um pombo verde» apresenta-nos, para além da viagem por Angola e Portugal, algumas estórias da vida real, mescladas com outras ficcionadas, uma espécie “in memoriam” de Helena Osório aos filhos que gostaria de ver crescer livres de amarras; à avó que sempre a inspirou com cantinelas e histórias de Angola e Portugal; à mãe, natural do Lobito, com 30 anos de Angola, pelo apoio condicional; ao Carlos Gaspar, adestrador de pombos; a Angola, terra-mãe, que canta com saudades de um tempo extinto e com nostalgia de uma nova Angola revisitada. Aqui, os pombos, por se afeiçoarem às pessoas, ganham lugar de relevo, mesmo ao tempo em que a nudez era uma vergonha: «Deus nos livre e guarde de tomar sem a bendita camisa! Sorte é os portugueses estarem espalhados pelo mundo e assimilarem outras ideias mais modernas que são bem recebidas em Lisboa» (p. 22), e a imaginação erótico-poética de Cândida (sem que haja forçosamente candura, quando do nome levado à letra) voava nas asas dos pombos e se sente “relaxada com o pensamento. Imagina uma longa piscina de pedra, a terminar no infinito. Quase adormece com o banho quente sonhado, aromatizado por pétalas de rosa. Deixa-se ir… Sem camisa, às escondidas de todos. Abre as pernas, uma para cada lado, e atira os braços para trás, tentando aliviar o peso dos seios redondos. (…) Toca os mamilos hirtos como se não fossem seus, desliza os dedos, contorce as pernas, risca o horizonte com os olhos e deixa voar o pensamento» (p. 32-33), numa relação selvagem com o mar. Nós, enquanto leitores, preferimos a Cândida sonhadora, mesmo quando exausta da subida até ao sótão onde, intemporalmente, vive só, e se senta na poltrona em frente à janela, de pernas e ventre pesados, sonolenta, sempre enjoada, apetecendo-lhe parar e contemplar o umbigo a crescer. «Não é o caso do sótão da rua Augusta onde as madeiras conversam aos estalidos e as pombas arranham as telhas vivas de sonhos» – diz-nos a autora. Simplesmente sublime, diremos nós.


É evidente que, os hipotéticos leitores deste extraordinário romance de Helena Osório, não estarão à espera que venhamos a esmiuçar toda a narrativa, dado que se o fizéssemos estaríamos a guindá-los para interpretações muito pessoais e/ou subjectivas, o que, intelectualmente, seria desonesto da nossa parte. No entanto, e com os devidos pedidos de desculpa, atrevemo-nos em dizer que este romance, onde os pombos parecem todos iguais – iguais como são os homens novos, ou como são os homens velhos, despidos das suas roupagens e artifícios (p. 61) –, transporta uma grande carga sensual de esperança, cheiros perfumados, encontros e desencontros – Cândida quer convencer-se de que há um amor de perdição como o de Camillo Castello Branco (p. 53) –, saudades, ecos do coração, lamentos e festejos, a felicidade como um bem maior, orquestras do outro lado da caixinha de madeira, o silêncio sem irregularidade, chão humedecido de transpiração e espasmos, memórias iluminadas, aconchegos – Aperta-a contra o corpo dele. As mãos deslizam e intrometem-se. Cândida não se mexe. Tudo o que sente é novo. O fogo crepita cada vez mais impaciente, faiscando tons fervorosos de laranja, vermelho, azul e verde. A luz dourada aquece-a aos tremeliques, criando reflexos na pele semiencoberta pela camisa de linho (p. 103) –, aromas de rio massacrado, etc., etc., como costumamos dizer, complexo lexical em que deveríamos, de contínuo, ter usado aspas, visto que extraído dos textos. Mas, há muito mais do que isto: qual preocupação de um pai que vê sua filha partir para Angola, sendo sempre melhor “vê-los partir do que ficar a filha viúva e a neta órfã de um genro louco que resolve ser pombo”, perpassando por slides de terror, fortes emoções e as diáspora dos “mártires aqueles que partem, mártires os que ficam. O povo angolano é sofredor. Choro com ele”. E o cais de Lisboa enche-se de caixotes vindos de além-mar. Não faltam roubos. No aeroporto as pessoas dormem sobre malas, gente diferente com roupas coloridas, ar triste, mulheres de calças e minissaias, o escândalo… (p. 237), a ruína a meio da existência. Como te entendemos Helena Osório: Adeus pombo verde, o teu papel já foi representado. Unidos de novo. Podes partir, voar para bem longe livre de amarras do tempo! Ai estas vontades da vida (ou destino quiçá), ninguém as consegue controlar… (p. 304-305). Lemos este extraordinário romance na varanda da nossa casa, como um homem controlado pela maravilhosa escrita (e não só) da Helena Osório, vislumbrando ao longe o voo circular dos pombos freados do vizinho columbófilo, com anilha, para não poisarem no nosso telhado e “ganharem vícios fatais”. Infelizmente, aqui, os pombos não são verdes.   
Uma leitura que se recomenda, sentado na poltrona em frente à janela. Se possível, em dia de chuva, depois de se visitar o sótão das recordações.
E, por aqui nos ficamos.

NOTA MÁXIMA!

Friday, September 12, 2014

Pintomeira expõe fotografia (somewhere) em Viana do Castelo!...

Somewhere é um álbum de fotografias sobre objectos, um álbum que nos dá a ver composições de objectos, dispostos ordenadamente numa tela, pela mão de um pintor. Trata-se de composições conceptuais, com uma figura de mulher, erotizada, de um modo geral, nus os pés, pernas, braços e ombros, uma figura de longos cabelos, cintilantes…”.

Moisés de Lemos Martins
(Professor da Universidade do Minho)

Depois de termos participado, em 26 de Julho do corrente ano, no «XI Sarau Cultural 2014 PINTOMEIRA» – apesar de nenhuma forma de vida ser por si só totalmente boa, estes maravilhosos encontros permitem-nos reconhecer, e parafraseando Sydney Harris, que a própria vida é a arte de misturar ingredientes em proporções toleráveis, tornando-a melhor – que teve lugar Terreiro das Artes, Estrada de Santiago, Deocriste (Terra de nossos ancestrais), Viana do Castelo, onde assistimos a uma extraordinária conferência do Professor Doutor Mariano Gago, perpassando pela música, poesia, escultura e pintura, forma positiva de contrariarmos o mundo friamente calculista em que vivemos, não podíamos deixar de assistir, no pretérito dia 5 de Setembro, a convite da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo, à inauguração da Exposição “Pintomeira Somewhere”, que estará patente ao público, na Galeria desta instituição, até ao dia 5 de Outubro. Era um compromisso obrigatório, pelo facto de não termos podido estar presentes em Braga, aquando a mesma aí esteve patente.
E porque já por várias vezes aqui nos referimos a Pintomeira, enquanto um dos artistas, a par de outros (ainda que muito pucos), da nossa preferência, não nos iremos debruçar sobre o seu riquíssimo percurso no campo das artes, mas expressar, única e exclusivamente, as nossas impressões acerca desta exposição que, como ele faz questão de salientar, marca uma consequente transição da pintura para a fotografia.
Como se pode depreender pelo catálogo, interpretação com a qual corroboramos, SOMEWHERE é, agora, o título escolhido para um trabalho produzido no Estúdio de PINTOMEIRA, com modelos agenciados. A escolha de modelo, neste caso feminino, para o sujeito central deste trabalho fotográfico, foi determinada pelo facto de, na sua pintura, a figura humana ser, na maior parte das vezes, também, o seu elemento principal. Assim, como atrás referimos, a transição da pintura para a fotografia foi consistente e consequente, produzindo, numa e noutra, um trabalho figurativo que está presente em quase toda a sua obra. Estas fotografias, tal como acontece nos seus últimos trabalhos de pintura sobre tela, como é o caso “Interiores – Exteriores” (motivo de uma das nossas anteriores crónicas), têm, também, alguns elementos (influências) das artes gráficas, do design, da publicidade e da pop art.


Esta exposição, composta de quarenta e quatro fotografias, fazem parte trinta e uma a preto e branco e treze a cores. Colaboraram, neste trabalho, quatro modelos agenciadas: Claudia Monteiro, Filipa Vilaça, Rebecca Jager e Angela Silva, e duas modelos não agenciadas: Patrícia Alves e Madalena Magalhães. Como dados técnicos podemos acrescentar que no Estúdio, foram utilizados um fundo branco e um fundo preto; flashes com softboxes octagonais e rectangulares, sombrinhas, beauty dish e reflectores na iluminação; câmara DSLR com sensor de formato FX de 36,3 megapixels e objectivas zoom 24-70mm f/2.8G ED e 28-300mm f/3.5-5.6G ED VR e a prime AFS 50mm f/1.8G. Na edição e pós processamento foram utilizados diversos programas (software).
Levando à letra o título da exposição, em qualquer lugar (somewhere), o que mais (what else) nos impressiona, e aí teremos de concordar com o Professor Moisés Martins, é que “a figura feminina não é distinta dos objectos que compõem o quadro fotográfico, ou pictórico, tanto faz, seja sofás em exposição numa vitrina, caixotes do lixo, ou malas de viagem, seja embalagens de iogurte, escadotes ou bancos de escritório, estendedores de roupa ou baldes de limpeza. Hidrata-se na tela com estes objectos do quotidiano, mistura-se neles, em poses de puro deleite, por vezes não convencionais, numa ligação erótica, dando a ver a publicidade como uma arte que se alimenta do sex-appeal dos objectos e que o reactiva em permanência”. Acrescendo a tudo isto, de facto, a legendagem, em inglês, de muitas das fotografias [então o que? (so what?), deixe ser (let it be), quem se importa (who cares), não importa (never mind), tão longe (so far away), frágil (fragile), sonhadora (dreamily), profundamente (deeply), ir para ele (go for it), sentindo tão cinza (feeling so grey), evidentemente (evidently), altamente (highly), para onde ir (nowhere to go), o que quer (whatever), de jeito nenhum (no way), indo a lugar nenhum (going nowhere), apenas me diga (just tell me), preto no branco (black n white), simplesmente (simply), definitivamente (definitely), positivamente (positively), absolutamente (absolutely), azul sentido (feeling blue), azul verdade (true blue), acho que não (I guess not), dá-me um tempo (give me a break), adivinhem (guess what)], não se cinge à funcionalidade instrumental, mas à abertura do nosso sentido estético-interpretativo, numa abordagem filosófica e sociológica muito pessoal, pensando sempre, tal como para alguns filósofos, que o valor da arte está necessariamente ligado ao prazer ou à satisfação, porque, argumentam, dizer que uma obra é boa é o mesmo que dizer que é agradável ou aprazível. A «agradabilidade» defendida por David Hume, por exemplo: “Procurar a verdadeira beleza, ou a verdadeira deformidade, é uma investigação infrutífera, como seria procurar o verdadeiro doce ou o verdadeiro amargo”, encontra eco nesta SOMEWHERE.
 Gostamos muitíssimo, e isso nos basta para acusarmos a nossa fruição com a Arte de Pintomeira. Transpondo as interrogações Guida Loureiro para afirmações, diremos que Pintomeira desnuda a luz, o tempo, o carácter, a objectiva do ser e do acontecer. E sendo no feminino, a emoção é ainda maior.       
          NOTA MÁXIMA!

Friday, September 05, 2014

“Lûmbu: a democracia no antigo Kôngo” de Patrício Batsîkama!...

“Até agora, nenhum livro sobre o antigo reino do Kongo abordou a questão, essencial, do lugar da democracia no governo deste Estado. Usando os testemunhos semânticos e orais disponíveis, Patrício Batsîkama mostra que a democracia desempenhou um papel de primeiro plano através do funcionamento do conselho legislativo e judicial…”.

Jan Vansina
(Professor Emérito Wisconsin University, EUA)

Toda a gente sabe da nossa inveterada paixão – quase doentia – pelo antigo Reino do Congo, dado aí termos vivido um dos melhores momentos da nossa juventude, nomeadamente no centro nevrálgico desse multimilenar Estado, M’Banza Congo, que ora o bom amigo/irmão angolano nascido no Quibocolo (Maquela do Zombo) – primeira povoação para onde fomos com três anos de idade –, Patrício Batsîkama, professor de História das Artes Africanas, na Faculdade de Ciências Sociais, da Universidade Agostinho Neto, nos traz ao conhecimento desse antiquíssimo reino, através de um, ainda que sucinto, estudo baseado na linguística histórica comparativa, assente em dois objectivos: contribuir, de alguma forma, para o enriquecimento da candidatura de “M’Banza Congo como Património da Humanidade” e, segundo o mesmo Patrício, «treinar os nossos estudantes universitários nesta metodologia (Vansina, 1985; Batsîkama, 2010; Coelho, 2010), que é fundamental para esclarecer o nosso passado pré-lusitano. O actual Lûmbu – que integra os “suportes culturais” por preservar e que nada tem a ver com o sobado – era a instituição para a Harmonia das diversas tribos Kôngo».
Patrício Batsîkama pretende assim responder a várias questões que lhes foram colocadas, tendo em conta a sua afirmativa convicção, face ao estudo efectuado, sobre a democracia no velho Congo: “como se diria democracia em Kikôngo? Caso não exista o termo, seria falacioso sustentar a sua suposta existência no antigo Kôngo; como funcionava na verdade e quais materiais a certificariam? Como seria possível que um povo sem escrita pudesse ter Constituição, leis que sistematizassem a democracia?”. E, através deste seu estudo, nunca foi sua pretensão esgotar o tema, dado ter como principal objectivo de aconselhar o desenvolvimento de trabalho de campo para que se venha a criar um debate sério e baseado no conhecimento empírico, de modos a comparar com tudo aquilo que está arquivado nos depósitos de fontes e dados. Desta forma, Patrício Batsîkama abre perspectivas para que outros teóricos “possam eventualmente retrabalhar sobre as antigas civilizações bantu em geral e as populações angolanas em particular”. Daí, ser importante salientar as fontes e a metodologia utilizadas neste magnífico (diremos nós) trabalho: Fontes: língua; testemunhos de padres e outros nos séculos passados; depoimentos de algumas autoridades tradicionais; Tradição oral. Metodologia: linguística comparada; paremiologia (Batsîkama, 2010); crítica histórica.


Sem nos enredarmos em meticulosas descrições, o que seria intelectualmente incorrecto da nossa parte, face ao limite de espaço nesta crónica e à complexidade que o tema requer em termos de conhecimento, diremos que o mesmo trabalho se divide em seis capítulos: I. Fundação do KôngoOrigem meridional, “(…) Provavelmente antes do século VII a.C., os Mugahângala, oriundos das regiões setentrionais do Zimbabwe, ocuparam o Sudeste de Angola. Foi nessa região que se terá posteriormente formado um dos primeiros Estados (Posnansky, 2010, 591) pré-Kôngo” – Origem setentrional, que passa pelos proto-Bantu que “construíram vários Estados entre Douala e os Mbum, entre os Kota e Fang, entre os Teke e os Benga, ao Sul. Talvez aeja por isso que Greenberg e Gurthie terão visto aqui a origem das populações que falam a língua bantu” – Origem oriental, com a descrição da geografia humana desta região – Ocupação de Mbânz’a Kôngo, levando à afirmação do autor que “quando as populações ocuparam as regiões actuais de Mbânz’a Kôngo, duas instituições já estariam desenvolvidas, pois permitiram a união das populações (…) provenientes de diferentes regiões; II. MFÛMU: Instituição da Autoridade; III. LÛMBU: Instituição da democracia, recordando que Lûmbu era a instituição máxima do país: definia as tipificações do poder, a hierarquia militar, a democracia social, e instituía os órgãos da sistematização do Poder, simbolizando, ao mesmo tempo, “a coesão de uma vasta população repartida em várias terras distantes umas das outras”; IV. Organização Social e Divisão de Poderes, por forma a gerir a sua organização na concórdia, doze clãs simbólicos das 144 tribos fundadoras, através dos poderes legislativo, executivo e militar; V. Mbânz’a Kôngo: Espaço da União, onde se conclui que todo o espaço habitado impõe uma dupla realidade: historicidade de espaço (habitado, explorado, utilizado, planificado, vivido e compreendido) e o habitante; VI. “Mfokolo” (conclusão).
Por certo que muito haveria a dizer acerca deste magnífico trabalho, cientificamente irrepreensível, que termina com a descrição bibliográfica de doze testemunhos orais (Fontes primárias), quarenta e um autores consultados, mas mais de meia centena de obras (Fontes escritas) e, o percurso por sete Arquivos, enquanto espaços físicos, repartidos por Bélgica, Itália, Portugal, França e Angola.
Terminaremos com a mesma convicção do Pe. Daniel Quiala Malamba: “Os Kôngo eram bem organizados antes da chegada dos europeus. Eles tinham um governo com todas as instituições em funcionamento”. E é isso que Patrício Batsîkama tenta provar neste “Lûmbu: a democracia no antigo Kôngo”.
NOTA MÁXIMA!