Tuesday, December 23, 2014

«Vidadupla» em e com Sérgio Godinho?!...

«Na casa de férias de uma tia minha houve um lençol puído, rasgado e mais de uma vez remendado, debaixo do qual me deitei numa tarde de Verão…»

Sérgio Godinho

Sérgio Godinho esteve entre nós, a pretexto do desafio lançado pela Biblioteca Municipal de Viana do Castelo para connosco estar “À conversa com…”, habitual iniciativa mensal onde a mesma Biblioteca visa promover, em torno do livro, o diálogo e a troca de conhecimentos com escritores contemporâneos, proporcionando a oportunidade de conviver de perto com os autores e a sua obra. E foi isso que aconteceu com Sérgio Godinho, nascido na cidade do Porto, em 1945, e com apenas 20 anos de idade parte para o estrangeiro. Primeiro destino: Suíça, onde estuda psicologia em Genève durante dois anos, antes de tomar a decisão «para a vida» de se dedicar às artes. Mais tarde muda-se para França. Vive o Maio de 68 na capital francesa. No ano seguinte integra a produção francesa do musical Hair, onde se mantém por dois anos. Em Paris priva com outros músicos portugueses, como Luís Cília e José Mário Branco. Sérgio Godinho ensaiava assim as suas primeiras composições, na altura em francês.


Do longo e riquíssimo percurso artístico de Sérgio Godinho – o que seria fastidioso aqui esmiuçar – teremos de salientar o facto de ter sido actor de teatro e ter começado a exercitar a escrita de canções nos finais dos anos 60. O seu primeiro álbum surge em 1971, Os Sobreviventes, seguindo-se mais vinte e sete até aos dias de hoje, o que faz dele um dos músicos portugueses mais influentes dos últimos quarenta anos. Sobre si próprio disse: «Não vivo se não criar, não crio se não viver. Essa balança incerta sempre foi a pedra de toque da minha vida». Ou ainda: «Eu o que faço é tentar contar coisas, falar de coisas, fazer interrogações à minha maneira e saber que há pessoas que são tocadas por isso». Essas interrogações são “contos de um instante”, como canta numa das canções de um dos seus discos, e tanto podem falar de amor (Intermitentemente), como da situação do país e das incertezas do presente (Acesso bloqueado). O seu percurso espelha, precisamente, essa poderosa interacção entre a vida e a arte. Daí, que, mesmo enquanto voz polifónica, levou frequentemente a sua escrita a outras paragens: Guiões de cinema, peças de teatro, séries de televisão, histórias infanto-juvenis (O Pequeno Livro dos Medos), poesia (O Sangue por um Fio), crónicas (Caríssimas Quarenta Canções), entre outros exemplos.
Naquela noite de 12 de Dezembro último, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, estivemos ali para falar de VIDADUPLA (contos), capítulo presente desse estimulante itinerário pessoal de Sérgio Godinho: «O que esconde e o que revela um velho lençol puído sobre a intimidade de uma mulher? Como se prova a inocência quando um álibi incrimina? O que significa a morte na vida de um carrasco, e o que significa a vida no dia da sua morte? Para onde rolam as bicicletas e caminha a história das duas operárias? O que leva um homem a deixar a sua casa, noite após noite, para dormir na rua?» – perguntas para as quais encontramos algumas respostas, através da sua bem estruturada dialéctica, segurança e cultura geral.


Sem que nos proponhamos, pelo despropósito, a explicar os nove contos inseridos em VIDADUPLA: “O lençol”; “O álibi do falso culpado”; “Notas soltas da corda e do carrasco”; “O circo de três pistas”; “O pré-catastrofista”; “O momento mágico”; “Queria só falar da minha história de amor”; “Osmose”; “O sem-abrigo, vida dupla”, atrever-nos-emos em dizer, contudo, que sentimos a magia do espelho, algo que já não é inédito na literatura ao longo dos séculos, como forma de mostrar as duas faces de cada um de nós, sentir e ser na relação com o outro: «A casa era ao pé do mar, e eu tinha trinta e quatro anos e um corpo de rapariga de vinte, pelo menos assim mo diziam os amigos, os amantes e os espelhos. Costumava acreditar que pelo menos estes últimos não me enganavam, ainda que sabendo o quanto é clemente e traiçoeiro o olhar do nosso amor-próprio…» (p. 7); o envelhecer e o rejuvenescer: «Apresentar rugas umas às outras, mudar de rugas ao fim da noite» (p. 9), dissimulando as quarentenas no teatro; o instinto e a inocência; o carrasco que não pretende ser absolvido, dado que «Não mata por convicção e muito menos por instinto. Mata por incumbência…» (p. 23); o desentendimento do corpo e da alma «ao longo de todas as querelas, interiores e exteriores, e assim preparam a sua separação eterna.» (p. 25); o nascer e viver no circo «é andar à volta e ter só uma saída, no lugar e no tempo da próxima entrada…» (p. 31), numa alegoria à própria vida, mesmo quando em três pistas circulares, iguais; o catastrofista, «o tal senhor extravagante e enviesado, que antecipa, por método ou costume ou desvario, as catástrofes iminentes» (p. 43); o momento mágico, ficando sozinho ouvindo os seus ecos pela tarde, «tinha aprendido a gostar de ópera, eu que a tinha desconsiderado, achava-a desadequada, enfática, artificial – tudo o que afinal a vida era e a arte pode ser» (p. 62); o antes e o depois do ser da vida, quando «o meu antes não era lá grande coisa, querer explicar isto é quase perda de tempo…» (p. 70); o enigma da auto-estima, não se julgando inferior aos outros: «Mas isso, só por reconhecer em todos virtudes iguais às minhas. É esse o enigma da auto-estima, não ter nível por onde se aferir.» (p. 79); e, finalmente, o sem-abrigo, vida dupla, enigma que leva um homem a deixar a sua casa, noite após noite, para dormir na rua: «Vou preencher o presente com as esperanças do passado. Não com as sobras do passado, mas com o que ficou. A esperança é o que ficou.» (p. 91).
Ao termos feito esta extrapolação lexical, mais não pretendemos do que “aguçar o apetite” dos possíveis leitores destes maravilhosos contos, reunidos no sugestivo título de VIDADUPLA. Quiçá, o outro lado de Sérgio Godinho.
       NOTA MÁXIMA!

Friday, December 12, 2014

Álvaro Santos Pereira e os “jobs for the boys” de Paulo Portas!...

«Tenho orgulho de ter lutado pelo meu país. Tenho orgulho de ter mostrado que é possível ir contra lóbis e interesses instalados.»

Álvaro Santos Pereira

Por certo que muitos dos habituais leitores destas nossas deambulações literárias estarão recordados quando, em Agosto de 2012, escrevemos que sempre fomos leitores inveterados de teses científicas, em qualquer vertente da teoria do conhecimento, acreditando – ainda que com algumas reservas – naquilo que os seus autores podem trazer de novo ao pensamento universal. E quando essas teses se apresentam como soluções aos acidentes de percurso das áreas a que se confinam, faz aumentar em nós a “curiosidade especulativa”. Na altura, referíamo-nos ao livro «Portugal na hora da verdade: como vencer a crise nacional» da autoria de Álvaro Santos Pereira, aquele que após tomar posse como ministro da Economia, e contrariando os apelativos dos defensores dos prefixos (pão quentinho a sair do forno de Miguel Relvas), aconselhou a que o chamassem de Álvaro, sem o doutor (aplaudimos de pé), livro esse onde procurava mostrar que Portugal vive hoje três grandes crises: a crise das finanças públicas, a crise da competitividade e do crescimento e a crise do endividamento externo. Entre as questões debatidas, incluem-se as seguintes: qual é o verdadeiro estado das nossas finanças públicas? Porque é que o nosso Estado gasta tanto? Quantos institutos e outras entidades públicas existem e quanto gastam? E porque estamos tão endividados? Será a dívida nacional sustentável? Quão grave é o problema de competitividade das nossas exportações? – questões e interrogações pertinentes, reforçadas pelo facto de ele mesmo sublinhar ao longo da mesma “dissertação” que havia fortes indícios de que o nosso Estado estava a matar a economia nacional, afirmando mesmo que os funcionários públicos não eram responsáveis por esta situação: “Uma verdadeira reforma do Estado que torne as nossas contas públicas saudáveis e sustentáveis não deve ser feita contra os funcionários públicos ou contra o serviço público. Muito pelo contrário. Uma verdadeira reforma da administração pública terá de melhorar o serviço público, não piorá-lo. Uma verdadeira reforma da função pública terá de aumentar o prestígio do emprego público, não diminuí-lo. Uma verdadeira reforma do Estado terá de incentivar a auto-estima dos funcionários públicos e fazer com que sejam eles próprios a estimular a mudança de que a nossa administração pública necessita”.


Como era previsível, este tipo de teorização levá-lo-ia à precipitada saída do governo ultraliberal de Passos Coelho. Hoje, voltamos a ser confrontados com uma nova “bomba-relógio”, intitulada «Reformar sem medo: um independente no Governo de Portugal», com 1.ª edição em finais de Novembro deste mesmo ano. Seu autor, Álvaro Santos Pereira, vem agora a “terreiro” afirmar que «durante muitos anos, eu estive na posição confortável de poder criticar à distância. Em livros, em blogues, em artigos de jornal. Além disso, como vivia no estrangeiro, a minha posição era ainda mais cómoda, visto que as minhas críticas certamente não afectavam o meu dia-a-dia. Podia criticar o que quisesse, pois isso não teria consequências para a minha vida privada ou familiar…» (p. 16), numa espécie de preâmbulo ao capítulo de “Uma missão (quase) impossível”. É nesta nova “dissertação” de «Reformar sem Medo», que o ex-ministro da Economia põe o dedo na ferida, abordando de uma forma clara um pouco de tudo: intriga política (sendo Paulo Portas uma das figuras principais), luta contra lóbis e as negociatas de bastidores com a troika: «Quando saí do Conselho de Ministros, pensei que tínhamos dado um importante passo para conseguirmos o IRC a 10% para os novos investimentos. Porém, sabia também que ainda havia muito caminho para andar, até porque Vítor Gaspar claramente não era apologista da medida. Não me enganei. No sábado seguinte, marcámos uma reunião com o Ministro das Finanças, em que estiveram presentes também Carlos Moedas e a minha equipa. O resultado foi desastroso. Vítor Gaspar disse muito claramente que quem tinha a tutela e a responsabilidade das Finanças em Portugal era ele, e que ele não gostava da medida…» (p. 343). Vítor Gaspar e Carlos Moedas, dois nomes sonantes, privilegiados em calendas europeizadas.
«Reformar sem Medo», acusa decepções, ineficiências e, sobretudo, crítica a troika, os lóbis, o “país que venera formalismos” e Paulo Portas: «Se há algo que me orgulho de ter feito durante a minha governação foi a luta contra os lóbis e os interesses instalados. Sei que sou suspeito, mas penso que na nossa democracia não há muitos exemplos de Ministérios da Economia tão independentes como o nosso foi (…) Os lóbis nunca tiveram a minha simpatia. Os aparelhistas partidários também não. No meu Ministério os lóbis ficaram à porta. E os aparelhistas nunca encontraram na nossa equipa quem lhes desse ouvidos» (p. 223) – exame de contrição em louvor próprio, para depois desferir algumas alfinetadas a Paulo Portas: «Neste sentido, um colega do Governo disse-me uma vez que havia a percepção de que as coisas não andavam bem no Ministério da Economia e do Emprego. Perguntei que coisas eram essas. As reformas? Não disse ele, as reformas estavam a ser feitas e até tínhamos feito um bom trabalho. Os cortes das rendas e o combate aos interesses instalados? Não, isso nós também tínhamos feito. A reforma do Estado no que dizia respeito ao Ministério e a reestruturação das empresas públicas? Não, isso também foi alcançado e bem, respondeu-me. Então, o que é que falta?, perguntei. “Sabes”, respondeu ele, “o partido queixa-se que as nomeações nunca mais arrancam, que vocês demoram muito a substituir os socialistas que lá estão.” Foi aí que eu percebi (ou, melhor, confirmei) que a alegada ineficiência do meu Ministério estava na “demora” em nomear os correligionários dos partidos para os cargos existentes nas diferentes empresas públicas e instituto…» (p. 50). O homem do “irrevogável”, aquele que há muitos anos, aquando director do “Independente”, abominava política e políticos, mantinha a mesma serenidade e a mesma “lata” dos “aparelhistas” partidários, na procura de darem emprego a tanta gente cujo único mérito era (e é) o cartão de militante. Daí, não estranharmos o bater da porta do – até aqui líder da concelhia centrista em Viana do Castelo – nosso particular amigo Carlos Meira.
Agora começamos a entender o porquê do nosso livro «Baliza trágica de um naufrágio» ter vários engulhos no seio do corporativismo instalado, o que tem dificultado a sua aceitação nos “aparelhos” editoriais. Há muita coisa por explicar e os “aparelhistas” movimentam-se no sentido de silenciarem quem não alinha no mercantilismo das “consciências aparelhadas”, contrário ao pensamento de Pascal, quando afirma que «a consciência é o melhor livro de moral e o que menos se consulta».
         Até quando democracias assim condimentadas? A pergunta fica no ar!

Friday, December 05, 2014

O «Corpo» e a alma apaziguada de Célia Meira!...

«Nunca estejas completamente desocupado; lê ou escreve, reza ou medita, ou faz qualquer coisa de útil para a comunidade.»

T. Kempis

CORPO, objecto tangível que muitos dizem opor-se ao espírito, à alma. O conhecimento geral da natureza corporal data da distinção da natureza e do mito no pensamento dos pré-socráticos. Leucipo chegou mesmo a afirmar que «o universo está ao mesmo tempo vazio e cheio de corpos». Contudo, e por outro lado, há quem afirme que a distinção radical da «substância pensante» e da «substância extensa», abrindo a possibilidade de um pensamento puramente objectivo da natureza corporal, sublinha por outro lado a heterogeneidade da alma e do corpo. Para Descartes, por exemplo, a essência da matéria que se manifesta sob a forma de corpos, reside na extensão: «A natureza da matéria, ou do corpo tomado em geral, não consiste no facto de ser uma coisa dura ou com peso, ou colorida, ou que toca os nossos sentidos de uma outra forma, mas somente em que é uma substância que se estende em comprimento, largura e profundidade» – citamos do “Princípios da Filosofia”.
Mas, o que nos traz aqui hoje é o CORPO na sua verdadeira existência, como o corpo que somos, e não o corpo que temos, totalidade indivisa, que caracteriza o nosso ser no mundo… O CORPO, sujeito, em Célia Meira, nascida em Deão, Viana do Castelo, a 19 de Abril de 1982, jovem formada em engenharia civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e a desempenhar actualmente funções no Controlo de Qualidade em obra. Editou o seu primeiro brado poético, «poesia das letras», em 2012.


Já por várias vezes afirmamos que nunca foi nosso propósito (nem a tal nos atreveríamos) comentar ou explicar poesia, dado que nem uma coisa nem outra se coadunam com o nosso princípio estético da arte e da literatura pelo gosto. Ao desafio lançado pelo bom amigo Gonçalo Fagundes Meira, em apresentarmos o mais recente brado poético da jovem Célia Meira, CORPO, que diz sentir o bichinho das palavras desde que se lembra de si e é na escrita que se encontra, teremos de confessar que sentimos algum receio em permitirmo-nos percorrer tão lentamente este mesmo brado, chamado CORPO, precisamente na dúvida de não estarmos à altura de percorrê-lo “tão lentamente, que o tempo parece pairar…”. Mas como só os fracos não aceitam desafios, resolvemos alinhar no contraditório da distinção radical da «substância pensante» e da «substância extensa», abrindo assim a possibilidade do pensamento puramente objectivo da conciliação, «união substancial» em Descartes. Daí, naquela tarde de 29 de Novembro último, com Célia Meira, termos aceite tal desafio, percorrendo o CORPO “tão lentamente, que o tempo parece pairar…”.
Ouvimos dizer tantas vezes que não é poeta quem quer, mas quem pensa, sente e vive. E a nosso modesto ver, Célia Meira reúne estes três requisitos, porque valoriza o SER existencial: «Piso terra solta, / Piso rocha, piso mar… / O corpo a balançar, / Espírito que navega / E a alma a flutuar! / Sou eu, sou outra…» (p. 13). Neste CORPO poético perpassamos pela Terra em pose imaterial, transfigurando-nos; sentimos o desmoronar de um presente que já foi passado; o coser com afinco «um simples pano amarrotado, / Que carrega agora a dor ao peito / E o meu coração bordado!» (p. 17), numa alusão ao lenço dos namorados; cartas escritas, onde não se sente o receio de escaparem as palavras ou a caneta ficar sem tinta; a incongruência do racional: «Esta incongruência do racional / Que me faz ser só animal / Faz-me bem… / Faz-me tão mal…» (p. 21); o sentir do Alentejo, no calor do silêncio e onde o sol imerso deixa o corpo repousar; regressos que jamais virão e onde pairam olhos de segredo e medo; encontramos expressões matemáticas com letras do poeta, «sem sentido rebuscado / Só lógica aritmética… / Sem significados dúbios / Ou pontuação desordenada, / Somo letras do poeta / Em conclusão desconcertada…» (p. 27); encruzilhadas do destino, onde só a vontade do poeta domina; o negrume do escurecer; o desejo do «corpo em flamejo / Do teu corpo em mim…» (p. 43); a necessidade do estar, intocável, acreditando no acontecer do amor.


Neste “celiano” CORPO poético há ainda memórias; irritações a estados de complacência «em que ocultamos quem somos, / Julgando-nos tão só pela aparência / agindo pelos outros…» (p. 49); formas de ser livre quanto refém de si mesmo; inevitáveis ilusões, condimentadas pelo Amor «que em frémito se dispam os nossos corpos…» (p. 57); ser sem o outro aquém de si próprio; soma de erros e incertezas, subtracção de medos, multiplicação de decisões, divisão de segredos, redundando «Em valor absoluto… / na incógnita do limite do infinito!» (p. 63); prelúdios de dores anunciadas, até que as mesmas adormeçam; cheiro de café no ar; perfume de promessas; pratos e espelhos partidos; tinta da caneta que ensurdece a mão e música que emudece o papel; coração assoberbado em corpo despedaçado: «O choro degola o papel / No silêncio revolto da pele…» (p. 71); dores no olhar, inspirando avidamente o medo; horas que ditam o fim; nada ter para além do pensar: «E o meu coração já era teu / Antes de to querer dar…» (p. 85)     
E poder-se-á perguntar, quem é Célia Meira? Ela mesmo responde: «Não sou voz nem fado, / Nem trago arrependimento / Sou um som cantado / Em silêncio cimento… (…) Não sou bem nem mal / Nem palavra catalogada / Sou só animal e alma apaziguada…» (p. 83). E por aqui nos ficamos, por forma a não condicionarmos a livre interpretação dos potenciais leitores de Célia Meira.
Parabéns Célia Meira! Continua na senda do teu amor livre, porque como propriamente dizes: «É vontade, é querer, / É partilha e felicidade / É vaidade e orgulho, / É saudade…» (p.87).
        Gostamos do que lemos, e isso nos bastou!