É sempre difícil
falarmos de algo em que estejamos envolvidos, mas também não o poderíamos
deixar de o fazer, já que se não o fizéssemos – desculpem-nos a redundância da
conjugação verbal – funcionaria (e tem funcionado) a ostracização e a inveja,
aquele tipo de homenagem que, no dizer de Puisieux, a inferioridade tributa o
mérito. Sim, o Volume V, Série 2, 2016, está aí para anunciar as Festas da
Senhora da Agonia: «Há cinco anos consecutivos que temos vindo a assumir a
responsabilidade da coordenação desta publicação, cuja extraordinária
receptividade acaba por exigir de nós uma maior entrega, rigor científico e
respeito pela qualidade dos colaboradores e crescente instância dos leitores.
Temos consciência desta realidade, face às inúmeras mensagens de incentivo que
nos têm chegado e do aumento da procura desta publicação, quer por entidades
culturais, agentes do ensino superior e secundário, quer mesmo por gente
anónima. Nem sempre tem sido fácil esta árdua tarefa, já que o grau de
exigência por nós definido se foi tornando cada vez mais elevado. Falar da
importância do panorama histórico-cultural da nossa cidade e da própria região,
com trabalhos inéditos em prosa e em poesia, numa linha não menos exigente de
contribuirmos para a divulgação e até promoção da história, da antropologia, da
etnografia, da arte e da religião, sem esquecermos as vertentes literária e
turística, obriga-nos a uma redobrada e cuidadosa atenção para com os
colaboradores e um profundo respeito pelos leitores. A Falar de Viana continua, por assim dizer, mesmo com o risco de
nos tornarmos repetitivos, intimamente ligada às Festas de Nossa Senhora da
Agonia, com o único propósito de reforçar um ancestral sentimento popular de
exaltação e expressão de arte e fé, que pela sua dinâmica, já há muito
extravasou as fronteiras da região e do país. Continuamos crentes que este
número, tal como os anteriores, irá corresponder às expectativas criadas em
torno desta publicação. Este é, e será, o móbil da nossa afectação» – disse-o
Rui A. Faria Viana em nome dos dois, no dia da apresentação que ocorreu pelas
21h30 do dia 28 de Julho (Quinta-Feira), na Sala Couto Viana da Biblioteca
Municipal de Viana do Castelo.
Sem grandes rodeios,
dado que seria incomportável fazer aqui uma retrospectiva minuciosa acerca dos
conteúdos do presente volume, apenas enunciaremos os autores e os títulos, por
forma a despertar o interesse dos possíveis leitores. Este volume abre com a MENSAGEM
do Presidente da Comissão de Honra, Francisco Seixas da Costa. Segue-se
a SAUDAÇÃO do Presidente da Comissão Executiva da Viana Festas, Francisco
Sampaio.
Em MEMÓRIA, e como vem
sendo habitual, abre com dois trabalhos: um de Rui A. Faria Viana (Coordenador
Geral da publicação), intitulado «Os vianenses e as festas de 1916», e outro,
dentro da mesma linha, numa perspectiva de memória de há cem anos, de Bernardo
Silva Barbosa, «As Festas d’Agonia de 1916 descritas no Aurora do
Lima».
Em REGISTO, apresenta-se
um trabalho sobre “A Brigada do Minho”, publicado na – e sob a responsabilidade
da redacção da revista – «Ilustração Portugueza», II Série, N.º 650, 5 de
Agosto de 1918; um segundo trabalho, em português, francês, inglês e alemão, do
Conde d’Aurora, publicado na revista «Sol», do Verão de 1968, com o sugestivo
título “Viana da Foz do Lima”, e um “cliché de Vasques”, publicado na
«Ilustração Portugueza», II Série, N.º 420, 9 de Março de 1914, p. 314, com a
seguinte legenda: «As Ser.as D. Maria
Francisca Machado, D. Jeronima Rosa Machado, D. Joaquina Mariana Machado, D.
Elvira Severina Machado e as meninas Joana Maria Machado e Sofia Alexandrina
Machado, filhas do sr. dr. Bernardino Machado, vestidas à moda do Minho».
Em ANTOLOGIA POÉTICA,
é-nos revelada a inspiração poética de Carla Mesquita com “Prece a Viana do
Castelo”; de Eugénio Monteverde com “Ti Manel não vem à festa”; de Euclides
Rios com “Um poema é a mordoma da Senhora d’Agonia”; de Fernando
Castro e Sousa com “A Saga”; de Luís Pedro Viana, pseudónimo
literário e artístico de Firmino Moreira da Cunha, com “Dos Da Do” e «Medo de
mim!»; de Boaventura Rodrigues Silva com “A Viana do Castelo”; e, de Francisco
Carneiro Fernandes com “Viana”.
Em COLECTÂNEA, tendo
sempre em conta a cronologia temática, começamos com Paulo Gomes, que nos leva
a «Celebrar a Agonia com Festa»; Vasco Gonçalves, abordando o «Olhar
a Romaria de Nossa Senhora d’Agonia em três tempos (três romagens ao
santuário)»; Torres da Costa, focando «A Virgem Maria na poesia religiosa»; José
Cruz Lopes «A paisagem vianense no cartaz contemporâneo das Festas
d’Agonia 2003-2016»; Marlene Azevedo e Ana
Filomena Curralo apresentam-se com o objectivo de demonstrarem o
conceito de «património visual vianense» e a sua ligação com os cartazes da
romaria de Nossa Senhora da Agonia; Henrique Rodrigues fala-nos da
«Festa e o Artesanato: criatividade de uma designer-artista de Viana», de seu
nome Conceição Trigo; Isabel Teixeira com «A Arte Popular
nas Festas (Segundo quartel do século XX) A Romaria das Romarias»; Manuel
Rodrigues Freitas com o «Ouro no Cancioneiro Popular»; José
Rodrigues Lima com «“Arte Minho” com prémios de traje de noiva e lenços
de namorados»; Porfírio Pereira da Silva (Coordenador Editorial) com
«Gigantones e cabeçudos: um património vianense na escola e no artesanato»; Álvaro
Campelo com «Da mortificação do corpo sadio à exibição do corpo
monstruoso»; António Matos Reis com «Quando a História saiu à rua…»; Mota
Leite com «As Festas da Senhora d’Agonia na memória das Gentes do Vale
do Neiva»; Artur Coutinho com «A Falar de Viana»; Américo Carneiro, dentro
da linha a que já nos vem habituando, proficuamente ilustrado com trabalhos da
sua autoria, desta vez dedicado à figura do «1.º Conde de Viana, D. Álvaro
Pires de Castro»; Artur Anselmo, com o título «Bernardino Machado, Júlio de
Lemos, José Maria Rodrigues e a Academia das Ciências»; David Rodrigues com
«Cláudio Basto na revista Lusitana: “Cartas de Amor populares”»; António
José Barroso com «João da Rocha: um desconhecido vianense»; Manuel
Inácio Rocha escreve sobre o escorço biobibliográfico acerca de «Frei
Bartolomeu dos Mártires»; Maria do Sameiro Rodrigues Lima com «Arquiteto
Miguel Ventura Terra: 150 Anos de História»; Sebastião Pires Ferreira com
«D. Maria Olímpia Pinto da Rocha: da percepção de “5 réis de gente” à
preconização de uma “Grande Senhora”»; Matias de Barros com o pequeno
apontamento «Recordando Sebastião Pires, residente nas Neves e falecido a 25 de
Março de 1964»; Casimiro Puga com «Figuras Afifenses: Eliseu Júlio Pereira de
Lemos – “Lugar da Bandeira, Santa Cristina de Afife”»; Ricardo Simões, com o
sugestivo título «O Teatro do Noroeste faz 25 anos e vai à romaria!»; António
Rodrigues França Amaral com «Viana e o seu Município: ontem como hoje»;
António
Martins da Costa Viana, com o título «Canos da Água da Fonte [Dabade],
em Areosa, para o Colégio das Chagas, em Viana»; Gonçalo Fagundes Meira com
«ENVC – Momentos de Glória: A construção do navio “Lobito”»; Manuel
Oliveira Martins com «Dois grandes naufrágios no início dos séculos XX
e XXI»; João José Teixeira de Passos com um trabalho sobre o «Lugre
Senhora das Areias e a sua arribada a Leixões»; Horácio Faria com «A
bandeira bordada da Brigada do Minho, na I Guerra Mundial»; José
Escaleira, com o título «Contributo para a análise do impacto da
economia de guerra, em Viana do Castelo, durante o período da 2.ª Guerra
Mundial»; Domingos da Calçada com «Histórias Antigas: Velharias do
Mosteiro de Carvoeiro – da história à tradição e ao burlesco»; e, por fim, Reis
Ribeiro com «Escola: Liberdade, justiça e diálogo».
O presente volume, e
como vem sendo habitual, termina com a “Reportagem 2015”; programa da “Romaria
da Sr.ª d’Agonia 2016”; publicidade; e “Índice”.
Boas leituras!
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