“Um
bem-haja ao Agrupamento de Escolas, ao seu Director, professores, alunos e
demais profissionais de ensino envolvidos nesta celebração, por serem parceiros
fundamentais em muitos momentos da nossa história colectiva”.
António Vassalo Abreu
Para assinalar os 500
anos (1513-2013) da outorga do Foral da
Terra da Nóbrega, o Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca, com o
patrocínio do Município local, dinamizou, ao longo da semana de 21 a 25 de
Outubro de 2013, um conjunto de actividades abertas à comunidade, que passou por
uma exposição “Terra da Nóbrega: uma viagem no tempo…”, organizada pela
Biblioteca Escolar em articulação com o Grupo de Artes Visuais; apresentado um
documentário com o mesmo nome, da autoria de Pedro Cerqueira e de Luís Arezes,
e a gravura “500 anos do Foral da Terra da Nóbrega”, de Emanuel Cruz; e
promovido um colóquio com o Doutor António Matos Reis, subordinado ao tema «Forais manuelinos da Terra da Nóbrega e de
Lindoso», tema que viria a dar corpo ao livro «500 anos dos Forais da Terra da Nóbrega e de Lindoso», dado à
estampa em Maio do presente ano, e que às nossas mãos chegou, numa gentil,
ainda que imerecida, oferta do maior especialista da Época Medieval do Alto
Minho, nosso particular amigo Doutor António Matos Reis.
Tal como escreve Carlos
Alberto Martins de Sousa Louro, Director do Agrupamento de Escolas de Ponte da
Barca, “a publicação deste livro é a homenagem ao Concelho, às pessoas e às
instituições de Ponte da Barca. É a forma que encontramos para todos felicitar.
Partilhando informação. Esperançados que também ela possa ser o princípio de
novos conhecimentos. Que ajude a explicar este mundo que integramos”. Palavras
sensatas, revestidas de alguma humildade, mas que representam muito mais do que
uma simples iniciativa comemorativa: Com
a publicação desta obra, desejamos proporcionar um contributo à valorização da
História e da Identidade locais, recuperando um passado multissecular, de
notável grandeza, construído por gente de nobres valores e de princípios
sagrados, que soube lançar os fundamentos das origens e também projectar com
solidez o futuro de uma Terra – assim se pode ler em Nota de Abertura, assinada pela Escola Básica e Secundária de Ponte
da Barca. Com iniciativas desta natureza é assim que nasce a consciência
evolutiva de cada região, da comunidade, do indivíduo ou da memória colectiva,
embrionária do conceito socrático, quando afirma que “a maneira mais fácil e
mais segura de vivermos honradamente, consiste em sermos, na realidade, o que
parecemos ser”. Quem trabalha assim, fá-lo pelo ser, sem o parecer.
Esta obra dos «500 anos
dos Forais da Terra da Nóbrega e de Lindoso», numa edição conjunta do
Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca e do Município de Ponte da Barca, com
fotografia de Pedro Cerqueira, conta na apresentação com textos de Carlos Louro
e António Vassalo Abreu, por nós já atrás referidos, seguindo-se a Nota de Abertura; dois textos de Luís
Arezes: “A Terra da Nóbrega na Viragem de Quinhentos”, onde ressaltam temáticas
histórico-religiosas da origem e limites, as 32 freguesias, os “ecos” da
Capital do Reino, a erecção da Paróquia de S. João Baptista de Ponte da Barca,
D. Manuel e(m) Ponte da Barca, os mosteiros de S. Salvador de Bravães e de S.
Martinho de Castro, Santa Maria Virgem de Vila Nova de Muía: um cavalo e uma
mula, os castelos da Nóbrega e de Lindoso, terra de heróis de poderosos
conselheiros do rei, a Dinastia dos Magalhães, Fernão de Magalhães, a
maioridade da Terra da Nóbrega na viragem de Quinhentos, terminando com algumas
fantasias… ou narrativas pitorescas – e “Terra da Nóbrega: uma viagem no
tempo”; um pequeno texto de Emanuel Cruz «Gravura “500 anos do Foral da Terra
da Nóbrega”, onde é explicada a linguagem artística do referido documento
régio; e, finalmente, o bom amigo e ilustre medievalista António Matos Reis com
a explicação aturada d’“Os Forais Manuelinos da Terra da Nóbrega e de Lindoso”,
cientificamente irrepreensível, como, aliás, nos vem habituando, perpassando
historicamente por cinco capítulos: 1. Terras, municípios, julgados e forais,
2. Os forais manuelinos, 3. O foral novo da Terra da Nóbrega: 3.1 – Quadro
histórico e geográfico, 3.2 – Conteúdo do foral, 4. O Foral Manuelino de
Lindoso, 5. Tabela de portagens, acabando por transcrever os dois forais,
fielmente reproduzidos também em fotografia.
Tal como podemos ler em
António Matos Reis: “No foral manuelino da Terra da Nóbrega não está incluída a
freguesia de Lindoso, que é a mais extensa do actual concelho, embora a maior
parte do seu território corresponda a uma zona de montanha. A ancestralidade do
povoamento deste local é testemunhada pela existência de uma ara romana
dedicada a Hérculos, e por outros achados arqueológicos. / A importância de
Lindoso advém da sua localização numa área de fronteira, junto de uma das vias
de passagem, que acompanhava o curso do rio Lima…”, assim ficamos a entender
melhor, em linhas gerais, as origens das freguesias, também estudadas num outro
seu apontamento, publicado na Revista de
Administração Local, n.º 255, Maio-Junho 2013, p. 297-307: A sobrevivência e o desenvolvimento das
comunidades locais constituem os pilares da verdadeira democracia, e a
freguesia é o primeiro órgão de que dispõe o cidadão para participar na vida
pública e zelar desse modo pelos interesses da comunidade a que pertence
(p. 307). Pena é que as arrelvadas deambulações do Miguel, se tenha esquivado à
leitura dos especialistas na matéria, e se firmasse, única e exclusivamente, na
pertença ou erudita sapiência de equivalências várias…
Esteticamente perfeito,
«500 anos dos Forais da Terra da Nóbrega
e de Lindoso», uma leitura que, obrigatoriamente, se recomenda. Nesta
magnífica obra, os ventos da História
correm à feição do Tempo.
Mesmo do tempo que está para lá dos tempos, porque Memória e Identidade
do Povo.
NOTA MÁXIMA!
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