Friday, March 20, 2015

«40 imagens para Abril» em exposição comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril!...

«40 artistas partilham os seus olhares, as suas críticas, as suas esperanças. Para uns, o cravo de Abril perdeu o viço, a cor, a pomba da paz jaz acorrentada e moribunda, a nova geração de Abril engorda sebosamente e afoga-se no próprio vómito.»

Maria José Guerreiro 

No pretérito dia 14 de Março de 2015 (Sábado), foi inaugurada, em Viana do Castelo, uma exposição comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril, e que estará patente ao público, nos baixos dos Antigos Paços do Concelho, à Praça da República, até ao dia 12 de Abril do corrente ano. Parafraseando João Paulo Cotrim, «quarenta anos depois, e a convite da Câmara Municipal de Viana do Castelo, desafiámos outros tantos ilustradores, esses mestres do efémero, para reinterpretar os ícones que ficaram como tatuagem daqueles meses febris. Reinterpretar sem constrangimentos, como quem regressa a um testo clássico para o reler e trazer à cena com os olhos e as mãos de hoje». Em suma, quase que se poderia ficar por aqui, como forma de se exprimir sensações ou sensibilidades, plasmadas nos quarenta quadros dos quarenta artistas expostos. Mas, se o fizéssemos, ficaria no ar, também, uma sensação (nossa) estranha de inoperância observadora e de ingratidão, perante aquilo que nos foi dado observar, porque a custo zero, com a anuência logística e económica da Câmara Municipal de Viana do Castelo, norteada, apenas e só, pelo sentido estético da Arte e da Cultura ao serviço de todos os cidadãos. Tudo ali tão próximo dos olhos de toda a gente…“Pelos olhos dentro”.


A visão do passado, do presente e do futuro, encontra eco na partilha dos olhares dos quarenta artistas expostos, sendo de realçar a bipolaridade geracional, de metade ter nascido antes do 25 de Abril, e a outra metade depois das portas que Abril abriu: Alberto Faria, Lisboa, 1966; Alex Gozblau, Perúgia, Itália, 1971; Armanda Baeza, Lisboa, 1990; Ana Biscaia, Marinha Grande, 1978; André da Loba, Aveiro, 1979; André Letria, Lisboa, 1973; Bernardo Carvalho, Lisboa, 1973; Carlos Guerreiro, Barreiro, 1969; Catarina Sobral, Coimbra, 1985; Cátia Vidinhas, Vila Flor, 1989; Constança Araújo Amador, Porto, 1984; Cristina Sampaio, Lisboa, 1960; Cristina Valadas, Porto, 1965; Daniel Lima, Angola, 1971; Emílio Remelhe, Barcelos, 1965; Esgar Acelerado, Póvoa do Varzim, 1968; Filipe Abranches, Lisboa, 1965; Gémeo Luís, Maputo, 1965; João Fazenda, Lisboa, 1979; João Lucas, Lisboa, 1964; Jorge Nesbitt, Lisboa, 1972; José Manuel Saraiva, Porto, 1974; Júlio Dolbeth, Angola, 1973; Lord Mantraste, Caldas da Rainha, 1988; Manuel San Payo, Lisboa, 1958; Maria a Miserável, Leiria, 1986; Marta Madureira, Porto, 1971; Marta Monteiro, Penafiel, 1973; Miguel Rocha, Lisboa, 1968; Nuno Saraiva, Lisboa, 1969; Pedro Brito, Barreiro, 1975; Pedro Cavalheiro, Lisboa, 1961; Pedro Lourenço, Lisboa, 1976; Pedro Proença, Lubango, Angola, 1962; Ricardo Castro, São João da Madeira, 1978; Rui Rasquinho, Lisboa, 1971; Rui Silvares, Viseu, 1963; Sebastião Peixoto, Braga, 1972; Susa Monteiro, Beja, 1979; e, Tiago Albuquerque, Lisboa, 1982, acalentando a esperança de Abril permanecer como uma porta aberta para o futuro.


Tiago Manuel, com a conivência de Maria José Guerreiro e Rui A. Faria Viana, mentor persistente de trazer a Viana do Castelo qualidade dos melhores entre os melhores, fez-nos percorrer, quadro a quadro, autor a autor, reinterpretando sem constrangimentos aquela extraordinária «Colecção de cromos», pronunciada alegoria de João Paulo Cotrim, quando se referia aos artistas e às suas obras: «A ilustração é uma arte que consegue condensar num fósforo todo o fulgor de uma ideia, de um acontecimento, e fazer arder tudo em símbolo, em metáfora, em desenho e cor». Tudo tão bem explicado, por vezes, de uma forma bem-humorada, pelo nosso guia de circunstância – dado que outro não poderia ser –, Tiago Manuel.
Obrigatoriamente, uma exposição a visitar.
         NOTA MÁXIMA!

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