«A Romaria da Agonia é, já, também, um ícone
do próprio país que começa a ser conhecido por todo mundo. Estas Festas são o
espelho onde todos melhor nos revemos e nos sentimos, por inteiro, como povo».
Judite Cardoso
(Presidente da Comissão de Honra das Festas da Agonia)
No primeiro dia do mês
de Agosto, em cerimónia pública realizada na Sala Couto Viana da Biblioteca
Municipal de Viana do Castelo, foi lançado o Volume IV, Série 2, do «A Falar de
Viana». Dado o nosso papel activo nesta publicação, coadjuvando Rui A. Faria
Viana na sua coordenação, é evidente que não nos deixaremos enredar pelo elogio
fácil, pois tal postura ou atrevimento poder-nos-ia remeter para a velha máxima
de Hermógenes: «Contra a tendência para a
vaidade evoco sempre o que um amigo me ensinou – “Hoje pavão, amanhã
espanador!”». Sentimentos e precauções auto-elogiosas à parte, apraz-nos dizer
que esta publicação, após “percorridos quatro anos da 2.ª série (…), é com a
maior satisfação que sentimos uma extraordinária receptividade, manifestamente
positiva, tendo em conta as inúmeras mensagens de incentivo que até nós têm
chegado, transformando esta publicação numa das mais procuradas, face à sua
importância no panorama histórico-cultural da nossa cidade e da própria região.
/ É neste contexto que assumem um papel importante todos aqueles autores que,
ao longo destes quatro anos, têm colaborado connosco brinda-nos com os seus
valiosíssimos trabalhos, quer em prosa quer em poesia, por forma a contribuírem
para a divulgação e até promoção da história, da antropologia, da etnografia,
da arte e da religião, como anteriormente temos vindo a referir, não esquecendo
as vertentes literária e turística…” – escrevemos ambos na «Apresentação».
E porque o A Falar de Viana está,
por assim dizer, intimamente ligado às Festas de Nossa Senhora da Agonia,
reforçando um ancestral sentimento popular de exaltação e expressão de arte e
fé, que extravasa as fronteiras da região e do país, estamos em crer que a
mesma publicação irá, por certo, corresponder às expectativas criadas à volta
da mesma. Com a presença do Vigário-Geral da Diocese de Viana do Castelo,
Sebastião Pires Ferreira; do Presidente da Câmara, José Maria Costa; da
Vereadora do Pelouro da Cultura, Maria José Guerreiro; e do Presidente da
Comissão Executiva da Romaria da Nossa Senhora da Agonia, Francisco Sampaio,
coube a Rui A. Faria Viana, enquanto coordenador geral da mesma publicação,
fazer uma síntese, bastante abrangente e bem estruturada – aspecto reconhecido
por todos os presentes na mesa, e não só – de todos os trabalhos e de seus
autores que, face à elevadíssima qualidade das suas “penas”, fazem antever o
rigor e a qualidade científica dos mesmos.
Como será
incomportável, diríamos até impossível, fazermos aqui uma síntese pormenorizada
de todos os trabalhos, ficar-nos-emos apenas pelos títulos e autores, com
intuito de despertarmos um interesse maior pelos seus conteúdos, tendo em conta
que no plano estético será inquestionável o extraordinário trabalho realizado
por Rui Carvalho, magnífico designer,
portador de uma grande humildade e assoberbada tolerância, qualidades que o
colocam à dimensão dos grandes.
Apostados numa
cronologia temática – aliás, como vem sendo habitual –, este volume comporta,
para além da mensagem da Presidente de Honra e da nossa apresentação, quatro
separadores: MEMÒRIA: com trabalhos
de Rui A. Faria Viana, “A Cidade e As Festas em 1915” (p. 11-23), e de Bernardo
Silva Barbosa, “As Festas d’Agonia de há 100 Anos vistas pelo «A Aurora do
Lima»” (p. 25-29); REGISTO: com um
trabalho de Abúndio da Silva, publicado no IV Volume da «Illustração
Portugueza» de 21 de Outubro de 1907, com o sugestivo título “O Minho
Pittoresco: As Festas da Senhora da Agonia” (p. 33-39); ANTOLOGIA POÉTICA: onde nos é revelada a inspiração poética de
Carla Mesquita com “Deste meu traje…” (p. 42), de Eugénio Monteverde com “A
Cidade e o Lima” (p. 43), de Euclides Rios com “Os lírios da Senhora d’Agonia”
(p. 44-45), de Fernando Castro e Sousa com “Terra Minha” (p. 46) e de Luís
Pedro Viana, pseudónimo literário e artístico de Firmino Moreira da Cunha, com
“Princesa ou Rainha” (p. 47); COLECTÂNEA:
com trabalhos de Paulo Gomes, “Maria… de Fátima, da Agonia que leva a Deus e ao
Irmão” (p. 51-53), de Reis Ribeiro, “A Festa no Ensino do Beato Bartolomeu” (p.
55-57), de Manuel António Fernandes Moreira, “O Campo da Foz e o Sagrado” (p.
59-63), de José da Cruz Lopes, “Senhora d’Agonia na vida da população
piscatória vianense e a acção do Monsenhor Daniel Machado: 1912-1978” (p.
65-81), de Artur Coutinho, “A Falar de Viana” (p. 83-85), de Gonçalo Fagundes
Meira, “Os Fogos nas Festas: a disputa entre a pirotecnia vianense” (p. 87-97),
de António Martins da Costa Viana, “Folclorista da Bahia viu as Festas d’Agonia”
(p. 99-105), de Mota Leite, “As Festas da Senhora d’Agonia na memória das
Gentes do Vale do Neiva” (p. 107-109), de Ricardo Simões, “A procissão ao mar
de Viana do Castelo: géneses e futuro de uma encenação comunitária” (p.
111-117), de Álvaro Campelo, “Na Senda do Ouro: vendedores ambulantes e a
representação do Ouro na sociedade minhota” (p. 119-137), de António José
Barroso, “Exposição de Ourivesaria Portuguesa em Viana do Castelo” (p.
139-147), de Manuel Rodrigues Freitas, “Arrecadas de Afife” (p.149-151), de
Horácio Faria, “Sargaceiras de Afife” (p. 153-157), de Maria Sameiro Rodrigues
Lima, “Traje usado, traje vivo: defesa do futuro do nosso património cultural”
(p. 159-165), de Armando Rodrigues Dias, “Uma invejável cidade monumental” (p.
167-169), de Vasco Gonçalves, “A fachada-retábulo da Igreja de S. Domingos
(Santa Cruz) e a Porta do Céu” (p. 171-175), de Francisco José Carneiro
Fernandes, “Património de Viana do Castelo: azulejos da Igreja de São Bento”
(p. 177-185), de Manuel Oliveira Martins, “Ramal da Doca” (p. 187-193), de
Henrique Rodrigues, “Arquivar a própria vida – documentos da Casa Malafaia de
Viana” (p. 195-207), de Manuel Inácio Rocha, “Recordações Únicas” (p. 209-225),
de David Rodrigues, “Camilo atravessa o Alto Minho pela primeira vez em 1836”
(p. 227-229), de Ana Maria Ribeiro Barros e Orlando Ferreira Barros, “A
Premonição” (p. 231-233), de Sebastião Pires Ferreira, “Frei Luís de Granada: o
primeiro devoto do Beato Bartolomeu dos Mártires” (p. 235-247), de Porfírio
Pereira da Silva, “In Memoriam: no Centenário do Nascimento (1915-2015) de
Maria Augusta d’Alpuim” (p. 249-255), de Domingos da Calçada, “Pitta Soares:
ecos duma antiga romaria, um caso com oitenta e quatro anos” (p. 257-261), de
Artur Anselmo, “Para um retrato do arqueólogo Manuel Sousa d’Oliveira:
1916-2001” (p. 263-267), de José Rodrigues Lima, “Artista Albino Rodrigues
Lima: de modelador a escultor” (p. 269-275), de Casimiro Puga, “Figuras
Afifenses: João da Fonseca – Mestre Pintor e Fingidor” (p. 277-281), de Joaquim
José Peres Escaleira, “Espaços e Gentes de Viana em gravações audiovisuais” (p.
283-293), de António Matos Reis, “O Foral Manuelino de Geraz do Lima – Nos 500
Anos da sua outorga” (p. 295-301), de Torres Costa, “V Centenário do Foral
Manuelino do Concelho das Terras de Geraz do Lima” (p. 303-307), de António
Rodrigues França Amaral, “A Carta de Couto de Cabanas e a Via-Sacra de Areosa:
novas interpretações” (p. 309-313), de José Aníbal Marinho Gomes, “Para a
História da Nobreza Titulada de Viana do Castelo: Viscondes da Barrosa” (p.
315-327), de Américo Carneiro, “A Armaria e o caso vianense e da Ribeira-Lima”
(p. 329-337), de Matias de Barros, “Pedro Homem de Mello escreveu, Amália
Rodrigues cantou, Alain Oulman orquestrou” (p. 339-341), e, finalmente, de
Francisco Sampaio, “As Indústrias Criativas e o Turismo Criativo” (p. 343-349).
Quase quatrocentas páginas para ler, saborear e viver… As Festas, claro!
1 comment:
Que orgulho! Das publicações mais bonitas!
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