«Mário Neves, leva-nos através de pensamentos
em prosa, de palavras poéticas lindamente ordenadas, ao sonho, ao amor... à
beleza de estar vivo e sentir a conjugação de todos os elementos que nos
espreitam»
Silvestre
Fonseca
Há cerca de dois meses
que não dávamos sinal de vida activa, no que toca à premeditada, porque
necessária, inspiração de “ao correr da pena e da mente” falarmos daquilo que
desperta o nosso interesse, sem nos vincularmos aos interesses dos outros, o
que desde já nos penitenciamos por essa falta de respeito para com os nossos
leitores que nos respeitam e consideram, acendendo, à boa maneira chinesa, uma
vela, em vez de amaldiçoarem a escuridão.
Embora sejamos
apologistas de que a biografia de alguém (artista, autor, poeta) está ou se
reflecte na sua obra, não queríamos deixar de referir apenas umas pequenas notas,
sem adularmos o escritor/poeta antes de conhecermos a sua obra. O factor
identitário impõe-se pela circunstância de neste caso Mário Filipe Neves se nos
apresentar como santo fora da casa, do qual esperamos um “milagre”, sem
práticas rituais ou “purificações pelo delírio”. Daí, atrevermo-nos perante a
sua presença física, dizermos que Mário Filipe Santos Neves, filho mais velho
dos três que sua mãe deu à luz, nasceu em Lisboa, a 29 de Dezembro de 1958; frequentou
o curso de Engenharia Civil, até ao 3.º Ano, no Instituto Superior Técnico de
Lisboa; no início de 1980 emigrou para Toronto, Canadá, onde viveu uma
experiência no mundo do trabalho e da emigração; regressou a Portugal, no final
do mesmo ano, saudoso de seus amigos e familiares, tendo iniciado um percurso
pelo mundo da música e das canções, como cantautor, durante cerca de quatro
anos; começou a trabalhar na empresa CTT – Correios de Portugal, SA, em 1981,
onde permanece até hoje, já com 36 anos de serviço. Actualmente, e nos últimos
22 anos, desempenha as funções de Auditor interno na mesma empresa.
Nos tempos livres
dedica-se à escrita (poesia, prosa, pensamentos e outras coisas que vão
surgindo no tempo e na memória) e à divulgação da mesma. Co-autor, desde 2015,
em diversas colectâneas de prosa e poesia, vê agora, com a publicação deste
livro «Poesia e outras coisas», a sua primeira obra
pessoal editada.
Posto isto, e ainda que
voltemos a entrar no contraditório, tendo em conta que entendemos que poesia
não deve ser explicada mas sentida, permitimo-nos a ultrapassar essa
condicionante deontológica, para justificar a nossa “obrigação e desobediência
ética” de estarmos, aqui e hoje, a apresentarmos a «Poesia e outras coisas» em
Mário Filipe Neves.
Foi fácil para nós
aceitarmos o desafio de apresentarmos o seu livro, naquele dia 18 de Março de
2012, porque nos identificamos com o seu discorrer do pensamento, aprofundado
na descrição e “manuseamento” do fenómeno do conhecimento. Ao contrário de
alguns poetas, Mário Neves não se deixa enredar pela tentação do jogo das
“palavras soltas”, porque se fixa no conhecimento, enquanto relação do sujeito
e do objecto, neste caso concreto, o poeta e a palavra dita e escrita.
Sem querermos recalcar
os velhos clichés de que “não é poeta quem quer” ou “o poeta nasce e depois
faz-se”, permitimo-nos, ainda que a nossa opinião seja sempre subjectiva, em
afirmar que estamos perante um verdadeiro poeta. Em Mário Neves, as palavras
soltas assentam na promessa de as mesmas o animarem através dos desenhos que os
lábios o fazem escutar.
Mário Neves, enquanto
SER pensante, reformula-se e encontra-se com a ajuda da ideia da «consciência
em geral», pondo em prática as ideias inatas através da consciência concreta e
individual. Daí não estranharmos o facto de ele ter receio de não ter medo
daquilo que não percebe. A sua missão não é resolver o problema do conhecimento
mas sim conduzir-nos à presença do problema.
Mário Neves tem
consciência de que só é possível vivermos mantendo uma relação com o outro lado
de nós: os outros, e como diria Goethe, a luta consigo próprio, o insaciável
desejo de mais pureza, sabedoria, bondade e amor. O tempo e a história, os
passos e as emoções, tocam profundamente o poeta. Há uma necessidade de aconchego,
de saudade, de depuração.
A nossa empatia imediata
pela poética e pensamento de Mário Neves, advém da natureza do EU, na sua
essência e plano psicológico, análogo à que existe entre os acidentes e a
substância, e à boa maneira kantiana, pela medida em que se nos colocam os
problemas derivados da passagem da razão teórica à razão prática. O plano
metafísico também tem lugar no EU de Mário Neves, porque é capaz de conter a
consciência empírica como forma particular dele mesmo.
Concordamos com as
palavras tomadas por Silvestre Fonseca (músico e escritor, circunstancial
prefaciador deste brado poético) a Mário Neves – …Quem sabe um dia, emerges, te levantas e te ergues caminhando pelas
margens nesta direcção de mim?... – para
depreender que estas palavras que nos prendem, integram o “Destino submerso” e
mostram o perfil do autor, desafiante, sensível, amante das ideias e dos ideais
e sobretudo… igual a si mesmo, como sempre foi… um bom amigo de refinado
sentido de humor e… um grande Homem! – citamos. Mário Neves prende-nos por
aquilo que temos de comum: a esperança de renascer, forma activa de aprender
com os outros, imaginar o vácuo e, sobretudo, a cosmovisão, enquanto concepção
do mundo que nos é dada de uma vez na sua totalidade, inalterável ao grito do
poeta.
Antes de terminarmos,
não queríamos deixar de referir que os hipotéticos leitores deste maravilhoso
brado poético de Mário Neves encontrarão espaços e tempos de liberdade,
vontades de descobrir a verdade, sonhos (sendo que alguns tropeçam no vazio e
se afundam), destinos, silêncios e omissões, castelos de areia, aguarelas e
janelas que se abrem vendo o tempo passar, promessas e palavras renovadas,
beijos e afectos, melodias poéticas onde se sentem braços em contratempo, princesas
a quem se dá boa noite
Para terminarmos,
gravitando pelo universo, a natureza e concepções cosmológicas de Nicolau de
Cusa, encontramos em Mário Neves o princípio da relacionalidade plena do
universo (com a qual comungamos), unificando, nessa relacionalidade, a
pluralidade de tudo o que existe, quer no que se refere à reciprocidade que se
estabelece entre as coisas existentes, quer no que se refere à relação entre o
conjunto dos entes finitos e o seu princípio fundante, terminando na noção
clara da “douta ignorância”, como saber do não saber.
É isto que nos apraz
dizer sobre o livro e o autor!
NOTA MÁXIMA!
11 comments:
Se as palavras são sempre poucas para a verdade pretendida, aquelas que aqui gostaria de deixar seriam sempre muito escassas para homenagear e agradecer a um homem, Porfírio Silva, que teve a bondade de entrar no meu mundo escrito e a gentileza de o querer divulgar e comentar aos ventos e mares que sopram, por aí...
Um grande abraço de amizade e outro de agradecimento, porque "os momentos são feitos de TUDO e de NADA...TUDO o que queremos alcançar e NADA do que ficou para trás"
Bem hajas, Porfírio Silva!
Mário Filipe Neves
Parabéns Mário ser reconhecido é maravilhoso quando o fazem de coração aberto.
um abraço
Mário Oli.
Amigo Mario, que bom ser reconhecido assim, e nem podia ser diferente,dado o talento que tens!
Aproveito(já pedindo desculpas ao Porfírio,tambem agradecendo) deixo aqui meus parabéns a ti e digo que sou grata por ser contada entre seus amigos a quem mostras teus sensíveis e belos escritos,meu abraço!
Parabéns pelo lindo Blog!Lindos escritos.
Parabéns Mário!
Obrigado!
Aplausos.....
Aplausos
Saudades imensas de suas poesias!
Parabéns poeta Mário!!!
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