«… “História natural com parafusos” apresenta-se
como uma viagem vertiginosa entre os mundos submersos e os visíveis, as origens
e a actualidade, o obscuro e o luminoso.»
Maria José Guerreiro
No último sábado, 7 de
Fevereiro de 2015, foi inaugurada na Biblioteca Municipal de Viana do Castelo
(Ala Jorge Amado), uma exposição da obra gráfica editada em livros, revistas e jornais,
do artista plástico, poeta e crítico textual, Luís Manuel Gaspar, com o
sugestivo título «história natural com
parafusos», que, bebendo das palavras de Maria José Guerreiro, «nos leva a
uma reflexão individual e introspectiva mas questionadora, sem dúvida, do seu
lugar e posicionamento no mundo. Enquanto na língua francesa, utilizamos uma
única forma “je suis”, na língua de Camões, declinamos em duas formas “ser” e
“estar”. Afinal, nós não somos só, também estamos!» – citamos.
Esta exposição, a quarta
sequencial de um projecto que nasceu da acção da Biblioteca Municipal de Viana
do Castelo, corporizado na pessoa do seu Chefe de Divisão, Rui A. Faria Viana, e
com a cumplicidade – quiçá, conivência – do artista plástico e ilustrador com
créditos internacionais, Tiago Manuel, que rapidamente soube transmiti-lo à
Vereadora do Pelouro da Cultura, Maria José Guerreiro, que apesar de sensível
às dificuldades impostas por uma política governamental economicista, soube
contornar alguns obstáculos e sensibilizar o resto do executivo, levando a que o
mesmo viesse a assumir por inteiro este mesmo projecto, projecto esse que não
se destina só ao público de um modo geral, mas também, e principalmente, à
dinâmica escolar, quer a nível do ensino primário, preparatório e secundário,
quer mesmo a nível superior. O efeito, segundo Tiago Manuel, tem sido muito
positivo. De realçar que, desde que começou este projecto, o ensino secundário
tem desenvolvido acções orientadas e a própria dinâmica deste acontecimento é
feita, não de uma forma caótica, mas através de uma organização pré-definida. E
o “pivot” de todo esta dinâmica escolar tem sido o Tiago Manuel.
Tudo começou com o
Tiago Manuel (Viana do Castelo, 1955), revisitado em «diários de sombras», onde foi exposta a sua obra gráfica editada em
livros e revistas, de 25 de Maio a 28 de Setembro de 2013. Seguiu-se-lhe João
Fazenda (Lisboa, 1979) com «domador de
imagens», expondo a sua obra gráfica editada em livros, revistas e jornais,
de 4 de Janeiro a 14 de Junho de 2014. André Carrilho (Amadora, 1974), expôs de
19 de Julho a 27 de Dezembro de 2014 «desenhos
atrás do espelho», obra gráfica editada em livros, revistas e jornais, onde,
segundo João Paulo Cotrim, o mesmo “não resiste nem movimento nem ao labirinto
da narrativa, (…), mas a originalidade do seu percurso até aqui joga-se na
construção das personagens”, através do cartoon político e social. Agora, com
Luís Manuel Gaspar, somos bafejados com um extraordinário artista plástico e
poeta, que faz ilustração, principalmente para a área da poesia e
prosa-romance. Segundo Tiago Manuel, Luís Manuel Gaspar “tem uma vantagem, e
logo muito grande, em relação aos anteriores, dado que o seu trabalho remete
para intimismos”. De facto, a literatura precisa sempre de um estímulo, como
forma de nos levar a ler. E esse estímulo começa logo pela imagem. Corroboramos
da ideia de Tiago Manuel, quando afirma que “a imagem não é literal, de
explicar o que está no conteúdo, mas, antes, funciona como um parceiro”. E Luís
Manuel Gaspar, enquanto ilustrador, é um escritor, um parceiro do próprio
escritor, acrescendo o facto de ser, também, um excelente poeta.
O nosso muito obrigado
ao Jorge Silva, parceiro na montagem desta magnífica exposição: Título: história natural com parafusos; Autor:
Luís Manuel Gaspar: Projecto: Rui A. Faria Viana; Direcção Artística e
Coordenação: Tiago Manuel; Local: Biblioteca Municipal de Viana do Castelo;
Data: 7 de Fevereiro a 11 de Julho de 2015. Catálogo – Textos: João Paulo
Cotrim; Pintura/Auto-retrato: Luís Manuel Gaspar; Arranjo gráfico e impressão:
Jorge Costa; Produção: Tiago Manuel.
Para terminarmos, e
tendo em conta o seu vastíssimo curriculum, o que seria incomportável esmiuçar aqui
no espaço limitativo destas nossas deambulações da pena e da mente, tomando por
“referência sintética” as notas inseridas num dos painéis da exposição, convenhamos
em dizer que Luís Manuel Gaspar nasceu em Lisboa (1960), “é artista plástico,
poeta, crítico textual, revisor e secretário de gatos. Publica capas, ilustrações
e banda desenhada em livros e periódicos desde 1986. Tem colaborado nas
revistas «Ler», «Colóquio/Letras», «Prelo», «Suroeste», «Telhados de Vidro»,
«Cão Celeste» e «Intervalo». Expôs individualmente em Lisboa (1987), Sines
(1993), Viana do Castelo (2011) e, de novo, Lisboa (2012 e 2013). Foi
comissário ou consultor de exposições relacionadas com Almada Negreiros, Ramón
Gómez de la Serna e o modernismo ibérico. Publicou alguns folhetos de poesia e
trabalhou na edição de obras de diversos autores portugueses, entre os quais
Francisco Bugalho, Raul Brandão, Alexandre O’Neill, Manuel António Pina, Ruy
Belo, Herberto Helder, Carlos de Oliveira, Al Berto e Rui Pires Cabral. Tem
sido um dos editores responsáveis pela Obra Literária de José de Almada Negreiros,
em publicação na Assírio & Alvim”.
Obrigatoriamente, uma exposição a visitar!
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