Friday, May 08, 2015

Jornadas Bartolomeanas publicadas em livro!...

«Um dos pontos altos no programa comemorativo dos 500 anos do nascimento do Beato Bartolomeu dos Mártires, na Diocese de Viana do Castelo, foram, sem dúvida, as Jornadas Bartolomeanas, cujas actas saem agora a público.»

Anacleto Oliveira
(Bispo de Viana do Castelo)

Como corolário das Jornadas Bartolomeanas, integradas nas Comemorações dos 500 Anos do Nascimento do Beato Bartolomeu dos Mártires, a Câmara Municipal de Viana do Castelo, com a coordenação de Rui A. Faria Viana e design de Rui de Carvalho, acaba de publicar as respectivas actas num bem elaborado livro, não muito “luxuoso”, mas esteticamente perfeito.
A sua apresentação pública esteve a cargo do seu coordenador, Rui A. Faria Viana, Chefe de Divisão da Biblioteca e Arquivo Municipais, onde fez uma pequena retrospectiva, por sinal bem elucidativa, aos conteúdos desta interessante obra, com duzentas e vinte e duas páginas, contendo um esclarecimento inicial do Coordenador (p.7), “Apresentação” do Presidente do Município vianense, José Maria Costa (p.9) e “Agradecimento” do Bispo da Diocese, D. Anacleto Oliveira (p. 11), seguindo-se seis magníficos trabalhos, que em muito fazem jus à qualidade científica dos seus autores e, circunstancialmente, vêm ajudar a melhor conhecermos esta figura mítico-carismática da Igreja do Século XVI:


FREI LUÍS DE GRANADA, MENTOR E BIÓGRAFO DE D. FREI BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES – VIDA DO ARCEBISPO, de António Matos Reis. (p. 13-86), onde nos dá a conhecer o possível encontro e convívio de Frei Bartolomeu dos Mártires com Frei Luís de Granada, no Outono de 1552, altura em que Frei Bartolomeu dos Mártires, obedecendo às directrizes emanadas dos seus superiores hierárquicos, pôs-se a caminho de Évora, dado que procedia-se ao incremento e à reforma dos estudos a nível superior, no âmbito da política cultural incentivada no reinado de D. João III; desenvolve uma bem-aturada biografia do Frei Luís de Granada, estabelecendo pontes com as afinidades estabelecidas entre os dois; e faz a tradução do livro de Frei Luís de Granada, “Vida do Arcebispo”; A CONTROVÉRSIA SOBRE O PATRIOTISMO DE BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES, de Artur Anselmo (p. 87-98), onde aborda um dos episódios mais controversos na vida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, procurando, ao mesmo tempo, desmistificar a polémica sobre o patriotismo do Santo Arcebispo, aquando “os dias tumultuosos que precederam o estabelecimento da monarquia dual sob a égide do rei Filipe II de Espanha”; FREI BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES DOUTOR E MESTRE EM SANTA TEOLOGIA, de Jorge Alves Barbosa (p. 99-132), como o próprio título sugere, o autor centra-se numa abordagem à formação teológica, aos escritos e ao magistério de Professor de Teologia da Ordem dominicana, de Frei Bartolomeu dos Mártires, uma faceta menos conhecida do Arcebispo Santo; ASPECTOS SÓCIO-RELIGIOSOS DAS VISITAÇÔES BARTOLOMEANAS PESSOAIS NO DISTRITO DE VIANA DO CASTELO (1559-1582), de Franquelim Neiva Soares (p. 133-178), trabalho meticuloso, que faz jus ao rigor científico do seu autor, onde são abordados seis itinerários visitacionais do Arcebispo Santo, actas visitacionais sobreviventes e conhecidas de paróquias de Viana do Castelo, programa pastoral e, por fim, análise das dezasseis visitações, bem documentada com diversas tabelas, onde aborda, também, a temática do Clero (secular e regular); ESTÍMULO DE PASTORES: A COMPREENSÃO DO MÚNUS EPISCOPAL, de David Sampaio Barbosa (p. 179-194), trabalho onde o autor faz uma análise à obra «STIMULUS PASTORUM» (Estímulo de Pastores), uma das muitas obras de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, e sobre a qual muitos estudos já se fizeram, numa abordagem ao texto, contextualizando-o ao tempo do Concílio de Trento, período histórico que a crítica está em crer que Frei Bartolomeu dos Mártires terá elaborado o mesmo; e, por fim, ANTÓNIO MACIEL: NOTÁVEL PINTOR – RETRATISTA VIANENSE DE D. FREI BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES E ORDEM DE MALTA, de Manuel António Fernandes Moreira (p. 195-222), sendo que este creditado autor afirma que António Maciel constitui um retratista-pintor tão desconhecido nos nossos dias como famoso no seu tempo, e a sua vida e arte revelam singularidades únicas e surpreendentes, dizendo tratar-se de um pintor-mercador que viveu em Viana da Foz do Lima entre o final do séc. XVI e princípio da centúria seguinte. Aqui constituiu família, dedicou-se à mercancia do açúcar brasileiro, que enviava para o Norte da Europa, adquiriu em frente ao cais moradia rica e funcional e, ao mesmo tempo, retratou as principais figuras, nas quais se inclui Frei Bartolomeu dos Mártires, da burguesia local e da Ordem Militar de Malta.


Terminaremos com uma pequena nota, extraída do esclarecimento inicial de Rui A. Faria Viana, coordenador deste magnífico livro (adjectivação firmada na mais valia do mesmo), quando afirma que «a publicação destes trabalhos realizados no âmbito das Jornadas Bartolomeanas surge, sobretudo, como incentivo ao conhecimento de Frei Bartolomeu divulgando textos que, pela investigação e estudo da acção do insigne Prelado, nos permitem conhecer melhor o pensamento e a obra deste grande homem de fé que marcou de forma indelével as gentes de Viana do Castelo».
Estamos em crer que sim.
         NOTA MÁXIMA!

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