«Um dos pontos altos no programa comemorativo
dos 500 anos do nascimento do Beato Bartolomeu dos Mártires, na Diocese de
Viana do Castelo, foram, sem dúvida, as Jornadas Bartolomeanas, cujas actas
saem agora a público.»
Anacleto Oliveira
(Bispo de Viana do Castelo)
Como corolário das Jornadas Bartolomeanas, integradas nas Comemorações dos 500 Anos do Nascimento do
Beato Bartolomeu dos Mártires, a Câmara Municipal de Viana do Castelo, com
a coordenação de Rui A. Faria Viana e design de Rui de Carvalho, acaba de
publicar as respectivas actas num bem elaborado livro, não muito “luxuoso”, mas
esteticamente perfeito.
A sua apresentação
pública esteve a cargo do seu coordenador, Rui A. Faria Viana, Chefe de Divisão
da Biblioteca e Arquivo Municipais, onde fez uma pequena retrospectiva, por
sinal bem elucidativa, aos conteúdos desta interessante obra, com duzentas e
vinte e duas páginas, contendo um esclarecimento inicial do Coordenador (p.7), “Apresentação”
do Presidente do Município vianense, José Maria Costa (p.9) e “Agradecimento”
do Bispo da Diocese, D. Anacleto Oliveira (p. 11), seguindo-se seis magníficos
trabalhos, que em muito fazem jus à qualidade científica dos seus autores e,
circunstancialmente, vêm ajudar a melhor conhecermos esta figura mítico-carismática
da Igreja do Século XVI:
FREI LUÍS DE GRANADA,
MENTOR E BIÓGRAFO DE D. FREI BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES – VIDA DO ARCEBISPO, de
António Matos Reis. (p. 13-86), onde nos dá a conhecer o possível encontro e
convívio de Frei Bartolomeu dos Mártires com Frei Luís de Granada, no Outono de
1552, altura em que Frei Bartolomeu dos Mártires, obedecendo às directrizes
emanadas dos seus superiores hierárquicos, pôs-se a caminho de Évora, dado que
procedia-se ao incremento e à reforma dos estudos a nível superior, no âmbito
da política cultural incentivada no reinado de D. João III; desenvolve uma bem-aturada
biografia do Frei Luís de Granada, estabelecendo pontes com as afinidades
estabelecidas entre os dois; e faz a tradução do livro de Frei Luís de Granada,
“Vida do Arcebispo”; A CONTROVÉRSIA SOBRE O PATRIOTISMO DE BARTOLOMEU DOS
MÁRTIRES, de Artur Anselmo (p. 87-98), onde aborda um dos episódios mais
controversos na vida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, procurando, ao mesmo
tempo, desmistificar a polémica sobre o patriotismo do Santo Arcebispo, aquando
“os dias tumultuosos que precederam o estabelecimento da monarquia dual sob a
égide do rei Filipe II de Espanha”; FREI BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES DOUTOR E
MESTRE EM SANTA TEOLOGIA, de Jorge Alves Barbosa (p. 99-132), como o próprio
título sugere, o autor centra-se numa abordagem à formação teológica, aos
escritos e ao magistério de Professor de Teologia da Ordem dominicana, de Frei
Bartolomeu dos Mártires, uma faceta menos conhecida do Arcebispo Santo; ASPECTOS
SÓCIO-RELIGIOSOS DAS VISITAÇÔES BARTOLOMEANAS PESSOAIS NO DISTRITO DE VIANA DO
CASTELO (1559-1582), de Franquelim Neiva Soares (p. 133-178), trabalho
meticuloso, que faz jus ao rigor científico do seu autor, onde são abordados
seis itinerários visitacionais do Arcebispo Santo, actas visitacionais
sobreviventes e conhecidas de paróquias de Viana do Castelo, programa pastoral
e, por fim, análise das dezasseis visitações, bem documentada com diversas
tabelas, onde aborda, também, a temática do Clero (secular e regular); ESTÍMULO
DE PASTORES: A COMPREENSÃO DO MÚNUS EPISCOPAL, de David Sampaio Barbosa (p.
179-194), trabalho onde o autor faz uma análise à obra «STIMULUS PASTORUM»
(Estímulo de Pastores), uma das muitas obras de D. Frei Bartolomeu dos
Mártires, e sobre a qual muitos estudos já se fizeram, numa abordagem ao texto,
contextualizando-o ao tempo do Concílio de Trento, período histórico que a
crítica está em crer que Frei Bartolomeu dos Mártires terá elaborado o mesmo;
e, por fim, ANTÓNIO MACIEL: NOTÁVEL PINTOR – RETRATISTA VIANENSE DE D. FREI
BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES E ORDEM DE MALTA, de Manuel António Fernandes Moreira
(p. 195-222), sendo que este creditado autor afirma que António Maciel
constitui um retratista-pintor tão desconhecido nos nossos dias como famoso no
seu tempo, e a sua vida e arte revelam singularidades únicas e surpreendentes,
dizendo tratar-se de um pintor-mercador que viveu em Viana da Foz do Lima entre
o final do séc. XVI e princípio da centúria seguinte. Aqui constituiu família,
dedicou-se à mercancia do açúcar brasileiro, que enviava para o Norte da
Europa, adquiriu em frente ao cais moradia rica e funcional e, ao mesmo tempo,
retratou as principais figuras, nas quais se inclui Frei Bartolomeu dos
Mártires, da burguesia local e da Ordem Militar de Malta.
Terminaremos com uma
pequena nota, extraída do esclarecimento inicial de Rui A. Faria Viana,
coordenador deste magnífico livro (adjectivação firmada na mais valia do
mesmo), quando afirma que «a publicação destes trabalhos realizados no âmbito
das Jornadas Bartolomeanas surge,
sobretudo, como incentivo ao conhecimento de Frei Bartolomeu divulgando textos
que, pela investigação e estudo da acção do insigne Prelado, nos permitem
conhecer melhor o pensamento e a obra deste grande homem de fé que marcou de
forma indelével as gentes de Viana do Castelo».
Estamos em crer que
sim.
NOTA MÁXIMA!
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