Wednesday, June 01, 2016

Professor Doutor Artur Anselmo apresenta «História do Livro e Filologia»!...

«Não sou homem de correr atrás de modas. Vejo-me, hoje como há sessenta anos, sozinho, no meu canto, sem incomodar ninguém, a ler, a pensar, a estudar. Gosto de intervir no mundo da Cultura, porque sou – com muito orgulho – um intelectual assumido, mas sempre vivi afastado de idealismos redentores e de populismos amnésicos…»

Artur Anselmo

Já a algumas semanas a esta parte que tínhamos em nosso poder a gentil oferta do livro «HISTÓRIA DO LIVRO E FILOLOGIA» do nosso particular amigo Professor Doutor Artur Anselmo (que teve a gentileza de apresentar o nosso livro «Baliza Trágica de Um Naufrágio» em Viana do Castelo), filólogo romancista de formação, historiador do livro por velha afeição indeclinável, doutorado pela Sorbonne (Paris – IV) e pela Universidade Nova de Lisboa, docente jubilado desde 2011, tendo leccionado, ao longo de cerca de quarenta anos, cursos de Língua, Literatura e Cultura Portuguesas, Semiologia, Cultura Clássica Greco-Latina e História do Livro, no Brasil e em Portugal. Presidente da Academia das Ciências de Lisboa, é também, pelo terceiro ano consecutivo, o presidente da Classe de Letras desta instituição fundada em 1779.


O livro foi apresentado na Sala Couto Viana da Biblioteca Pública Municipal de Viana do Castelo, pelas onze horas do dia 7 de Maio de 2016. Por que estivéssemos na “obrigação” de estarmos presentes, acrescendo o facto do apresentador de circunstância ser outro dos nossos particulares amigos, Doutor António Matos Reis, intelectual sério e um dos mais conceituados investigadores nacionais, duas fortes razões pelas quais se impunha a nossa presença. Foi uma magnífica apresentação, que acabaria por despoletar um interessante debate, à volta do livro e do Acordo Ortográfico.
Em nota de circunstância, Artur Anselmo acaba por esclarecer a circunstância – com o devido pedido de desculpas pela nossa redundância – de quarenta anos volvidos, ter regressado ao ponto de partida, no seu dizer, «à sagrada aliança com a Filologia, essa árvore robusta e frondosa a que, cedo ou tarde, têm de acolher-se todos quantos, vindos da História, ou da Sociologia, ou da Bibliografia Material, ou da Literatura, ou da Informática, pensam, escrevem, teorizam – umas vezes repetindo e outras vezes inovando – sobre livros de ontem e de hoje. Em qualquer dos casos, sempre com a coragem de evitarem incursões no futuro, que só a Deus (ao Livro) pertencem» e, ao mesmo tempo, impelir-nos à leitura dos “ensaios” inseridos nesta História do Livro e da Filologia, espaço físico aberto à nossa curiosidade, porque uma das nossas maiores paixões. O Livro como ponto de partida e chegada, o conhecimento das técnicas de reprodução do pensamento, recorrendo cada vez mais aos métodos próprios da filologia. Tal como afirma Artur Anselmo, «passar um texto para letra de fôrma é uma operação complexa, que tem não só múltiplas afinidades com o exercício da escrita manual mas também particularidades técnicas nem sempre familiares ao comum dos leitores, aos bibliógrafos e aos bibliófilos…» – citamos.


Este magnífico livro, para além de ter a particularidade acrescida de conter o texto inédito da Acta do Júri do Prémio Antero de Quental atribuído à «MENSAGEM» de Fernando Pessoa em 1934, por ele perpassam trabalhos, que nos escusamos (por uma questão de ética deontológica e desmerecimento intelectual) esmiuçar, tais como: Vocabulários da Língua Portuguesa editados em Portugal (1866-1970), p. 23-32; Um século de reformismo ortográfico (1911-2011), p. 33-44; Avisos e lembranças de um coleccionador de livros, p. 45-52; O Livro Português e o Humanismo Europeu, p. 53-66; Armas Nacionais impressas como marcas de sabor tipográfico, p. 67-76; As edições portuguesas dos Colóquios de Garcia d’Orta (1563-1963), p. 77-88; Como e onde se imprimiu em 1619 a «Vida de Dom Frei Bertolameu», p. 89-98; D. Francisco Manuel de Melo, Plagiador, p. 99-102; Frei Manuel do Cenáculo e a Biblioteca do Convento de Jesus incorporada na Academia das Ciências de Lisboa, p. 103-114; O espírito polémico de Herculano na Defesa do Património Espiritual e Material, p. 115-124; Entre Gigantes: Camilo, José Caldas e Frei Bartolomeu dos Mártires, p. 125-137; Bibliófilos Micaelenses: Os três irmãos da família Canto, p. 138-150; Leite Vasconcelos e o Livro Antigo, p. 151-156; Cinco Editoras do Século XX, p. 157-175; História Editorial do Romance Emigrantes, de Ferreira de Castro, p. 176-183; Considerações sobre a Acta do Prémio «Antero de Quental» (1934) desaparecida durante oitenta anos, p. 184-195; No tempo em que os jornais tinham Suplementos ou Páginas Literárias, p. 196-205; Sobre os Conceitos de Humanismo e Renascimento no pensamento de Pina Martins, p. 206-214; A crítica histórica e literária em Joel Serrão, p. 215-224; Elogio Histórico de Justino Mendes de Almeida, p. 225-231. Termina com a citação – bibliografia – da proveniência dos textos (p. 233-234), através de sínteses, comunicações, intervenções em colóquios, introduções e textos inéditos deste ilustre professor jubilado.
Congratulamo-nos, aplaudindo ao mesmo tempo, com o aparecimento de mais esta magnífica obra do Professor Doutor Artur Anselmo, numa aprimorada edição “Guimarães” – chancela “babel” –, tendo em conta ao rigor científico à mesma emprestado, saído da sapiência do maior e mais avalisado especialista nesta área.    
        NOTA MÁXIMA!

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