“Carreço,
verdejante rincão prendado pelo Atlântico e pela Serra de Santa Luzia, situado
a cerca de seis quilómetros da sede do município, é uma localidade que nas
últimas décadas tem trilhado um caminho de progresso e afirmação permanente da
sua identidade”
Joaquim Viana da Rocha
António Maranhão
Peixoto, ex-Chefe de Divisão do Arquivo Municipal de Viana do Castelo e actual
Vice-Presidente do Município de Esposende, distrito de Braga, acaba de nos
contemplar com um interessante livro sobre «Carreço de outrora e de agora», que
acaba por reproduzir todo o percurso e acção de Joaquim Viana da Rocha, a
liderar a autarquia de Carreço desde 1986, e que nas últimas eleições ficou
impedido de concorrer por ter atingido o limite de mandatos: “Carreço de outrora e de agora é mais um
contributo deste órgão autárquico para a consolidação do conhecimento sobre a
nossa terra. Proporciona novas abordagens e novas leituras, com conceitos
inovadores ao nível informacional, com revelações e sedimentação do trabalho de
tantos que permanecem no público anonimato e se dedicam com apreço e enlevo ao
desenvolvimento contínuo deste seu torrão natal ou residencial” – assim se
explica Joaquim Viana da Rocha em jeito de mensagem de abertura deste mesmo
livro.
Propondo-se, segundo a
óptica do autarca, como sendo um “paginar do tempo mais recente, com enfoque na
vigente democracia”, este livro, para além da mensagem de abertura, faz-nos
perpassar por uma ANTOLOGIA, onde António Maranhão Peixoto aborda as Memórias Paroquiais de 1758, reproduz
textos de José Augusto Vieira (O Minho Pittoresco), Raul Brandão (Os
Pescadores), António da Silva (Carreço no passado e no presente, In «A Aurora do Lima»), António Maranhão
Peixoto (Carreço, In «Dicionário Enciclopédico das Freguesias», 1.º Volume) e
António Manuel Couto Viana (Lenda do Monte da Dor); pela IDENTIDADE, onde são
reproduzidos mapas de delimitações, descrição do brasão, bandeira e selo branco
(Diário da República – III Série, n.º 267, 18-11-1995) e toponímia; pela
DINÂMICA AUTÁRQUICA a partir de Maio de 1974, apresentando-nos uma
retrospectiva das eleições para a Assembleia de Freguesia e consequente
composição da mesa, publicação de boletins informativos, Regimento da
Assembleia de Freguesia (31 Artigos), Junta de Freguesia, Relatório de
Actividades e Contas e Regulamento do Controlo Interno; pelo PLANEAMENTO
TERRITORIAL E URBANISMO, com desenvolvimento detalhado sobre a ocupação do
território e humanização do espaço, desde 1527; pelo EQUIPAMENTO SOCIAL, onde
se fala das escolas, parques de estacionamento, áreas ajardinadas,
melhoramentos na rede viária, abrigos de passageiros, parques infantis,
sanitários públicos, passadiços de apoio às áreas balneares, alargamento do
cemitério, construção da Sede da Junta de Freguesia, Centro de Dia e Apoio
Domiciliário e Centro Social; pela QUALIDADE DE VIDA, onde são abordados os
bens essenciais como a água e sua distribuição ao domicílio, a energia
eléctrica, saneamento básico, melhoramento das infra-estruturas e rede viária,
melhoramentos de cuidados de saúde, adjudicação da construção do edifício da
Escola Pré-Primária e remodelação da Escola Primária; pelo PATRIMÓNIO onde (para
além da Igreja Paroquial), com base na Lei de Separação entre a Igreja e o
Estado, datada de 20 de Abril de 1911, e através de um “Livro de Arrolamento
dos Bens da Igreja” (AMVC), os bens como as capelas (S. Paio, S. Pedro, Senhor
do Bonfim, Bom Sucesso, Senhora da Conceição, S. Sebastião e Mortuária),
cruzeiros, alminhas, moinhos, Estação, Farol e Forte do Paçô, são descritos de
uma forma meticulosa; pelo ASSOCIATIVISMO, onde se reproduz o forte pendor
nesta área, bem vincado na centenária Sociedade de Instrução e Recreio de
Carreço (SIRC), no alegre dinamismo do Rancho Regional das Lavradeiras e do
Grupo Folclórico e Cultural de Danças e Cantares; e, finalmente, pelo AMBIENTE,
que passa pela qualificação da zona balnear, ajustada a um Plano de Ordenamento
da Orla Costeira e o aproveitamento dos recursos naturais, nomeadamente através
da Energia Eólica, etc., etc.,… De uma forma particular, gostamos da
apresentação, se tivermos em conta a nossa percepção estética.
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António Maranhão Peixoto |
Para terminarmos,
convenhamos em dizer que António Maranhão Peixoto (N. 1963) é natural de S.
Bartolomeu do Mar (Esposende), licenciou-se em História (1986) e obteve a
pós-graduação em Ciências Documentais (1988), opção de Arquivo, pela Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra. Tem uma grande experiência de escrita de
História, com a divulgação de fontes, quer nos Cadernos Vianenses, quer em edições autónomas, onde se destacam
estudos sobre cartografia e antleteriática local. Dirigiu o Arquivo Geral da
Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia entre 1989 e 1991, após que passou para a
Biblioteca Municipal de Esposende, entre 1991 e 1992, e daí para o Arquivo
Municipal de Viana do Castelo. A sua competência induziu-o a funções de
formador, e coordenador, desde Fevereiro de 1997, da Comissão Permanente da
Secção de Arquivos Municipais da Associação Portuguesa de Bibliotecários,
Arquivistas e Documentalistas. É de momento, para além do já citado cargo no
Município de Esposende, também docente convidado da Universidade Católica
Portuguesa.
Aqui fica mais uma sugestão de leitura e até para a semana!
1 comment:
Este livro não é "uma encomenda"?
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