Saturday, November 23, 2013

Caiu o pano da opereta trágico-cómica «Mas afinal quem és tu, ó Dona Maria da Fonte?»...

“Abençoada Maria, a da Fonte, que me levou de Lisboa até à bela cidade de Viana do Castelo e ao Centro Dramático de Viana, onde tive a felicidade de conhecer e trabalhar com um belíssimo naipe de actores e técnicos”

Fernando Gomes
(Escritor e encenador)

Elenco com Fernando Gomes
Foi há cerca de cinco anos (2008) que no palco do Teatro Municipal Sá de Miranda nasceu «Mas afinal quem és tu, ó Dona Maria da Fonte?», uma opereta trágico-cómica escrita e encenada por Fernando Gomes, que – e parafraseando o mesmo autor – depressa se transformaria num enorme êxito, “dando a conhecer ao público, através de divertidas personagens brilhantemente criadas pelos actores, um pouco da nossa história”, revisitada há bem pouco tempo pelo escritor Orlando Ferreira Barros, com a publicação de uma Peça de Teatro da sua autoria, «A Honra Inacabada do Capitão Melquíades», qual decalque da guerra civil da Patuleia e da Maria da Fonte, onde os revoltosos cercaram o Forte de Santiago da Barra (conhecido entre o povo por “castelo”). Dois cenários, mas a mesma rainha… Dona Maria II.
Com a promessa por cumprir à nossa particular amiga e grande actriz Elisabete Pinto, actual directora do Centro Dramático de Viana (CDV), lá arranjamos um pouco do nosso tempo para assistirmos à citada opereta trágico-cómica que, cinco anos depois, pela mente e mestria de Fernando Gomes, voltou ao mesmo palco e com o mesmo elenco. A explicação para esta necessária e tão esperada “reposição” vem-nos da própria direcção do CDV: «Mas afinal quem és tu, ó Dona Maria da Fonte? marcou um ponto de viragem na companhia, na sua estreia em 2008. Hoje, no momento em que a companhia mais depende do público, faz todo o sentido repor neste ano de 2013 (o primeiro em 21 anos sem subsídio do Estado) esta opereta trágico-cómica de Fernando Gomes. / Cinco anos depois, esperamos que este possa ser um novo ponto de viragem. Queremos continuar a contribuir para esbater as barreiras geográficas e relacionais entre o público e o teatro. / Os nossos agradecimentos vão para toda a equipa que voltou a pôr esta Maria da Fonte de pé; para os nossos mecenas, patrocinadores, voluntários e cooperantes. E para a Câmara Municipal de Viana do Castelo, cuja visão de cultura é responsável por ainda estarmos aqui (…)».

Início do 2.º Acto

«Mas afinal quem és tu, ó Dona Maria da Fonte?» esteve em cena no palco do Teatro Municipal Sá de Miranda, de 27 de Setembro a 16 de Novembro de 2013. E porque, aliado ao facto de sermos leigos na matéria, nada termos acrescentar ao que foi dito e escrito (porquê inventar?), tomamos como nossas as palavras do escritor Orlando Ferreira Barros, um dos pioneiros do Teatro em Viana, do (pouco) antes e pós-Abril: «Como amante do teatro e dramaturgo consola-me que o Sá de Miranda tenha vindo a ter uma notável assistência – houve sessões esgotadas – com o público de pé a bater palmas no final do espectáculo. É muito gratificante para os actores e para os técnicos (estes foram chamados ao palco e muito bem), muito bom para o teatro, sabendo que este está na linha final das opções dos portugueses. A lusa gente prefere ficar em casa a ver futebóis [coincidência ou não, no dia em que fomos ver esta opereta, jogava a selecção nacional] e os meandros psicológicos, densos e enigmáticos (nem as peças de Shakespeare) da Casa dos Segredos». Quais bem conseguidos clichés e/ou bem caracterizadas personagens – a velha vergada ao peso dos anos de lenço na manga; o marido esquecido por conveniência, andando ao ritmo do pisar das uvas, mas sempre atrás da “lasca”; o gago; o bobo; o padre, qual fracassada missão de “alcoviteiro”; o médico; as permanentes enxaquecas da rainha; a Maria (Rapaz) de “pelo na venta”, com entrada triunfal de cigarro na boca, etc., etc. –, nos aliviariam das pressões negativas do quotidiano (causa-efeito de hemialgias causadas por uma ditadura disfarça de democracia) e dos subsequentes malefícios impostos à Cultura (o primeiro em 21 anos sem subsídio do Estado – citamos desabafo do CDV), fazendo-nos rir a bom rir.

Caiu o pano de «Mas afinal quem és tu, ó  Dona Maria da Fonte?»

Para que não nos venhamos a esquecer de toda esta maravilhosa “estirpe” de artistas, colaboradores, técnicos e auxiliares de palco, aqui fica a nossa singela homenagem, memorizando-os, pela importância e desempenho de cada um: INTÉRPRETES: Ana Perfeito, Elisabete Pinto, Ricardo Simões, Sílvia Santos, Tanya Ruivo, Tiago Fernandes e Vítor Nunes; DIRECÇÃO MUSICAL: José Prata; DESENHO E LUZ: Rui Gonçalves; CENÁRIO E FIGURINOS: Alice Assal; CONSTRUÇÃO CENOGRÁFICA: Porfírio Barbosa e Narciso Afonso; APOIO GUARDA-ROUPA: D. Agulha; CABELEIREIRO: Pentearte; DESIGN GRÁFICO: Rui Carvalho; OPERAÇÃO DE LUZ: Nuno Almeida; OPERAÇÃO DE SOM: Narciso Afonso; CONTRA-REGRA: Porfírio Barbosa e Ricardo Magalhães; TÉCNICA OFICIAL DE CONTAS: Ana Paula Antunes; DIRECÇÃO TÉCNICA TMSM: Rui Gonçalves; TÉCNICOS DE PALCO: Daniel Carreiras e Ricardo Magalhães; TÉCNICO DE SOM: Filipe Silva; TÉCNICO DE LUZ: Nuno Almeida; CHEFE DE FRENTE DE CASA: Ana Sofia Ricardo: OPERADORES DE BILHETEIRA: Maria do Carmo Pinho e Gorete Carreiras; ASSISTENTES DE SALA: Íris Santos, João Gomes, Rui Pereira, Bruno Sampaio, Diogo Ferreira, Patrícia Morais e Ana Silva; LIMPEZA E MANUTENÇÃO: Felicidade Carvalho e Rosalina Baeta.
Porque reconhecemos o Teatro como – alguém diria – um lugar condensado da vivência das ambiguidades e paradoxos, onde as coisas são tomadas em mais de uma forma ou sentido, a modos de despertar sentimentos no público, terminaremos com uma máxima do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860): Não ir ao teatro é como fazer a toilette sem espelho. Pensem nisso… No dia 6 de Dezembro, dia de Aniversário (22.º) do Centro Dramático de Viana, assistir-se-á à estreia d’A Casa do Rio, 115.ª Produção do CDV.
       Viva o Teatro! Viva, VIANA NO SEU MELHOR!

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