“Abençoada
Maria, a da Fonte, que me levou de Lisboa até à bela cidade de Viana do Castelo
e ao Centro Dramático de Viana, onde tive a felicidade de conhecer e trabalhar
com um belíssimo naipe de actores e técnicos”
Fernando Gomes
(Escritor e encenador)
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Elenco com Fernando Gomes |
Foi há cerca de cinco
anos (2008) que no palco do Teatro
Municipal Sá de Miranda nasceu «Mas
afinal quem és tu, ó Dona Maria da Fonte?», uma opereta trágico-cómica
escrita e encenada por Fernando Gomes, que – e parafraseando o mesmo autor –
depressa se transformaria num enorme êxito, “dando a conhecer ao público,
através de divertidas personagens brilhantemente criadas pelos actores, um
pouco da nossa história”, revisitada há bem pouco tempo pelo escritor Orlando
Ferreira Barros, com a publicação de uma Peça de Teatro da sua autoria, «A
Honra Inacabada do Capitão Melquíades», qual decalque da guerra civil da
Patuleia e da Maria da Fonte, onde os revoltosos cercaram o Forte de Santiago
da Barra (conhecido entre o povo por “castelo”). Dois cenários, mas a mesma
rainha… Dona Maria II.
Com a promessa por
cumprir à nossa particular amiga e grande actriz Elisabete Pinto, actual
directora do Centro Dramático de Viana
(CDV), lá arranjamos um pouco do nosso tempo para assistirmos à citada opereta
trágico-cómica que, cinco anos depois, pela mente e mestria de Fernando Gomes,
voltou ao mesmo palco e com o mesmo elenco. A explicação para esta necessária e
tão esperada “reposição” vem-nos da própria direcção do CDV: «Mas afinal quem és tu, ó Dona Maria da
Fonte? marcou um ponto de viragem na companhia, na sua estreia em 2008.
Hoje, no momento em que a companhia mais depende do público, faz todo o sentido
repor neste ano de 2013 (o primeiro em 21 anos sem subsídio do Estado) esta
opereta trágico-cómica de Fernando Gomes. / Cinco anos depois, esperamos que
este possa ser um novo ponto de viragem. Queremos continuar a contribuir para
esbater as barreiras geográficas e relacionais entre o público e o teatro. / Os
nossos agradecimentos vão para toda a equipa que voltou a pôr esta Maria da
Fonte de pé; para os nossos mecenas, patrocinadores, voluntários e cooperantes.
E para a Câmara Municipal de Viana do Castelo, cuja visão de cultura é
responsável por ainda estarmos aqui (…)».
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Início do 2.º Acto |
«Mas afinal quem és tu, ó Dona Maria da Fonte?» esteve em cena no
palco do Teatro Municipal Sá de Miranda,
de 27 de Setembro a 16 de Novembro de 2013. E porque, aliado ao facto de sermos
leigos na matéria, nada termos acrescentar ao que foi dito e escrito (porquê
inventar?), tomamos como nossas as palavras do escritor Orlando Ferreira
Barros, um dos pioneiros do Teatro em Viana, do (pouco) antes e pós-Abril:
«Como amante do teatro e dramaturgo consola-me que o Sá de Miranda tenha vindo
a ter uma notável assistência – houve sessões esgotadas – com o público de pé a
bater palmas no final do espectáculo. É muito gratificante para os actores e
para os técnicos (estes foram chamados ao palco e muito bem), muito bom para o
teatro, sabendo que este está na linha final das opções dos portugueses. A lusa
gente prefere ficar em casa a ver futebóis [coincidência ou não, no dia em que
fomos ver esta opereta, jogava a selecção nacional] e os meandros psicológicos,
densos e enigmáticos (nem as peças de Shakespeare) da Casa dos Segredos». Quais
bem conseguidos clichés e/ou bem caracterizadas personagens – a velha vergada
ao peso dos anos de lenço na manga; o marido esquecido por conveniência, andando
ao ritmo do pisar das uvas, mas sempre atrás da “lasca”; o gago; o bobo; o
padre, qual fracassada missão de “alcoviteiro”; o médico; as permanentes enxaquecas
da rainha; a Maria (Rapaz) de “pelo na venta”, com entrada triunfal de cigarro
na boca, etc., etc. –, nos aliviariam das pressões negativas do quotidiano (causa-efeito
de hemialgias causadas por uma ditadura disfarça de democracia) e dos subsequentes
malefícios impostos à Cultura (o primeiro em 21 anos sem subsídio do Estado
– citamos desabafo do CDV), fazendo-nos rir a bom rir.
Caiu o pano de «Mas afinal quem és tu, ó Dona Maria da Fonte?» |
Para que não nos venhamos
a esquecer de toda esta maravilhosa “estirpe” de artistas, colaboradores, técnicos
e auxiliares de palco, aqui fica a nossa singela homenagem, memorizando-os,
pela importância e desempenho de cada um: INTÉRPRETES: Ana Perfeito, Elisabete
Pinto, Ricardo Simões, Sílvia Santos, Tanya Ruivo, Tiago Fernandes e Vítor
Nunes; DIRECÇÃO MUSICAL: José Prata; DESENHO E LUZ: Rui Gonçalves; CENÁRIO E
FIGURINOS: Alice Assal; CONSTRUÇÃO CENOGRÁFICA: Porfírio Barbosa e Narciso
Afonso; APOIO GUARDA-ROUPA: D. Agulha; CABELEIREIRO: Pentearte; DESIGN GRÁFICO:
Rui Carvalho; OPERAÇÃO DE LUZ: Nuno Almeida; OPERAÇÃO DE SOM: Narciso Afonso;
CONTRA-REGRA: Porfírio Barbosa e Ricardo Magalhães; TÉCNICA OFICIAL DE CONTAS:
Ana Paula Antunes; DIRECÇÃO TÉCNICA TMSM: Rui Gonçalves; TÉCNICOS DE PALCO:
Daniel Carreiras e Ricardo Magalhães; TÉCNICO DE SOM: Filipe Silva; TÉCNICO DE
LUZ: Nuno Almeida; CHEFE DE FRENTE DE CASA: Ana Sofia Ricardo: OPERADORES DE
BILHETEIRA: Maria do Carmo Pinho e Gorete Carreiras; ASSISTENTES DE SALA: Íris
Santos, João Gomes, Rui Pereira, Bruno Sampaio, Diogo Ferreira, Patrícia Morais
e Ana Silva; LIMPEZA E MANUTENÇÃO: Felicidade Carvalho e Rosalina Baeta.
Porque reconhecemos o
Teatro como – alguém diria – um lugar condensado da vivência das ambiguidades e
paradoxos, onde as coisas são tomadas em mais de uma forma ou sentido, a modos
de despertar sentimentos no público, terminaremos com uma máxima do filósofo
alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860): Não
ir ao teatro é como fazer a toilette sem espelho. Pensem nisso… No dia 6 de
Dezembro, dia de Aniversário (22.º) do Centro
Dramático de Viana, assistir-se-á à estreia d’A Casa do Rio, 115.ª Produção do CDV.
Viva o Teatro! Viva, VIANA NO SEU MELHOR!
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