“O
homem culto é razoável para com os outros, compreensivo, correcto, bem-educado,
atencioso. Em resumo: Um homem no sentido mais elevado da palavra”
Montapert
Foi num dos dias
(terça-feira, 28 de Janeiro de 2014) em que fomos visitar, ao Hospital
Distrital de Viana do Castelo, o nosso amigo/irmão Gualberto Boa-Morte Galvão,
ilustre artista da fotografia da nossa praça, que ouvimos da sua boca a triste
notícia do passamento, às sete horas desse mesmo dia, do seu (e nosso) particular
amigo de longa data João José Roriz, um vimaranense que sempre teve o coração
preso a Viana do Castelo.
Já uma vez o havíamos
escrito – A Aurora do Lima, Ano 149, N.º 38, 21 de Maio de 2004 –, que enquanto
ficamos agarrados ao sentimento de “autodestruição”, dizendo, por tudo e por
nada, mal da terra que nos viu nascer, outros deixam-se encantar pelo bucolismo
do “verde mais verde” e pelo branco caiado das capelinhas deste Alto Minho
granítico, hospitaleiro e encantador. E se, eventualmente despertamos para esse
sentimento, culpabilizando terceiros pela nossa falta de “auto-estima”, por
certo que alguma dessa aguçada predisposição maleficente não pode ser imputada
nem assentava na personalidade do bom amigo e artista de fotografia, João José
Roriz. Este ilustre empresário vianense (deixem-nos que assim o consideremos),
apesar de ter nascido na cidade berço de Guimarães, na Rua D. João I, a 28 de
Maio de 1933, tinha o coração preso a Viana: Viana é a menina dos meus olhos!
Era da idade de nosso pai (desencarnado há
três anos) o que justifica, logo à partida, uma certa empatia. Contudo, a
recordação mais remota, advém-nos aquando, em terras do Congo e Zombo (Angola),
nosso pai receberia a nossa primeira fotografia da “praxe”, no áureo florescer
dos três anos de idade... Dali a seis meses partiríamos para sua companhia,
trocando o Lima das lampreias pelo Luidi dos jacarés, fazendo-nos acompanhar
pela foto assinada “Roriz Viana”. Estávamos em 1959!
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João Roriz no programa «Café Nocturno» (Radio GEICE), com o autor desta crónica e o inesquecível Lucilo Valdez |
Mas, voltemos ao amigo
João Roriz: Após a conclusão do ensino primário, tinha no seu horizonte um
ingresso no ensino superior caso, ao dez anos de idade, não ficasse órfão de
pai, o que obrigaria, sendo o filho mais velho de três irmãos, a trabalhar para
poder sustentar a casa. É em Guimarães que começa a trabalhar como marçano, na
altura no – talvez – melhor estabelecimento comercial da região – Casa dos
Linhos e Atoalhados «Teixeira d’Abreu». Simultaneamente frequentou a Escola
Comercial e Industrial «Francisco da Holanda» no Curso Comercial nocturno.
Veio para Viana do
Castelo há mais de sessenta anos onde ingressou no ramo da fotografia de seu
tio «Foto Roriz», profissão essa que, felizmente para todos nós, viria a ser
exercer por muitos e longos anos.
Estabelecido por conta
própria no mesmo ramo há mais de cinquenta anos acumulou, em tempos, ainda a
função de “correspondente-operador” da «Radio Televisão Portuguesa» (RTP), para
o distrito de Viana do Castelo, durante 22 anos. Foi ele um dos principais responsáveis
pela criação das delegações da RTP e do IAPMEL, sempre acompanhado por diversos
membros do Governo, e atendendo aos serviços prestados à comunidade, no seu
primeiro mandato de três anos como presidente da então «Associação Comercial de
Viana do Castelo» (ACVC), com extensão aos concelhos de Caminha, Vila Nova de
Cerveira, Paredes de Coura e Valença, é atribuída à referida associação pela
Câmara Municipal de Viana do Castelo, a medalha de ouro da cidade.
Foram muitas as
instituições que conheceram a sua dinâmica – ora como presidente da direcção,
conselheiro ou como membro de um outro órgão directivo –, das quais destacamos
o «Rotary Club de Viana do Castelo», o «Viana Taurino Club», a «Comissão
Regional de Turismo», a «Junta Autónoma do Portos do Norte» (JAPN), a «Comissão
Regional da Segurança Social» e a «Federação do Comércio Retalhista Português».
Para além disso foi vogal da «Defesa Civil do Território», da «Comissão de
Trânsito», da «Comissão de Festas de Viana do Castelo» e da «Comissão Administrativa
do Sport Clube Vianense» (SCV). Foi, também, um dos sócios fundadores da «Liga
dos Amigos do Hospital de Viana do Castelo».
João Roriz sempre soube
repartir o seu tempo em apoio às instituições atrás referidas e encontrava
ainda energias para dirigir (ou colaborar) as festas de Carreço, servindo a
Junta de Freguesia, onde tinha a sua residência, há cerca de 40 anos. Era
casado com a D. Maria Elisete, professora do Ensino Básico.
Este Homem que tinha
por lema “dar de si, antes de pensar em si”, talvez ainda não tenha sido
reconhecido, como devido, pelos serviços prestados à região, quiçá ao país. Na
altura em que era “correspondente-operador” da RTP, ainda se falava, pela
positiva, de Viana, a menina dos seus olhos...
Bem-haja, amigo João
Roriz e até sempre!
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